Ainda não tinha viajado numa ex-SCUT desde que foram introduzidas portagens.
Desta vez percorri cerca de um terço da A1 e a maior parte da A23 numa ida e volta à Serra da Estrela que, mesmo sem ainda ter feito as contas, só de portagens foi bem dispendiosa.
Na A23 ouvi soar dezenas de apitos no aparelho da Via Rápida que corresponderam, talvez, a 1,25 euro por apito! Nesta via, os custos para o utilizador passaram de nulos a muito elevados.
Dei-me conta de bastante menos tráfego na A1 e de pouquíssimo na A23. Nesta, cruzei-me com poucas viaturas e nem uma só vez fui ultrapassado, apesar de ser daqueles condutores que pouco ultrapassam as velocidades máximas. Quero dizer que, quando reparo que as ultrapassei, me apresso a retomar a velocidade consentida. Antes era bem diferente. Era ultrapassado por centenas de viaturas ao longo do percurso que fiz.
Dei comigo a pensar qual seria a necessidade de uma via assim para tão reduzida utilização.
Para quem não vai fazer turismo de estrada, havia vantagem na utilização de auto-estradas onde, para além de mais segurança, se poderá fazer uma marcha mais adequada e gastar menos combustível. Porém, com as elevadas portagens que são cobradas, não haverá vantagem que resista e que leve os condutores a preferi-las. Aliás, também o custo crescente dos combustíveis se tornou numa razão para que se evite utilizar viatura própria. São duas ordens de razões para esta redução drástica de tráfego nas auto-estradas que se nota, também, no número de viaturas nas áreas de serviço que quase encontrei “às moscas”.
Não será possível ao Estado, deste modo, evitar enormes prejuízos que se somam aos que os contratos feitos nas PPP já acarretavam e eram proibitivos.
Custa-me a compreender como, perante esta evidente redução de tráfego até valores que fazem as auto-estradas parecer desertas, se não estudam e fixam as portagens numa perspectiva de benefícios mútuos, para o utilizador e para o Estado. Mas, pensando bem, nem sei se haveria resposta para tal intenção quando a tendência é para que cada vez mais se torne proibitivo o uso do automóvel, um luxo a que nos podíamos dar no tempo das SCUT e da gasolina a pataco…
Numa economia em que os automóveis, pelos impostos que geram quer na sua comercialização quer na venda de combustíveis e, também, pelos postos de trabalho que geram tanto no circuito comercial como no da reparação e da manutenção, são um dos pilares, esta redução deve ser tomada como uma chamada de atenção para um futuro que, tudo o faz crer, será bem diferente e, por isso, pensado de outro modo.
O automóvel é de importância fundamental neste tipo de economia actual que, como muita gente já nem duvida, tens os seus dias contados. Geram impostos elevadíssimos, criam numerosíssimos postos de trabalho tanto no circuito comercial como no da reparação e da manutenção, são a razão de numerosas obras de construção e manutenção de vias de circulação, entre outras razões que os tornam num dos factores mais importantes.
Estará a economia preparada para este novo e inevitável comportamento das pessoas perante os custos que o automóvel acarreta?
Por fim, apetece-me perguntar: quem vai pagar as PPP rodoviárias que estas razões tornam cada vez menos utilizadas? Se cada vez menos será o utilizador... será o Zé!
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