É tempo, mais do que tempo, de corrigir os erros que certas práticas de ensino introduziram no nosso sistema escolar que, com pesar o digo, quase se tornou num albergue onde sempre alguém, fosse qual fosse a sua preparação, poderia encontrar um emprego. De raro, o professor tornou-se vulgar e contaram-se por milhares os que, em cada ano, tornavam mais numeroso um batalhão que crescia enquanto a população escolar nitidamente se reduzia.
Algumas coisas, para não dizer quase tudo, está diferente dos meus tempos de aluno. Nem tudo é agora pior, obviamente, mas há excessos comportamentais, quer de alunos que de professores, que têm de ser reajustados, bem como há um nível mínimo de qualidade que terá de ser garantido.
Não penso que deva ser restabelecido o relacionamento distante de outrora, nem reposta a quase ilimitada autoridade de que certos professores se arrogavam, porque, para além de transmitir saber, o professor deve preparar o cidadão que será o professor de amanhã, o trabalhador consciencioso, o pai, o cientista ou o governante…
Se de “pequenino se torce o pepino”, será desde os primeiros anos que o cidadão deve ser preparado e ajudado a desenvolver todas as suas capacidades naturais que, mais tarde, colocará ao serviço da sociedade. Uma tarefa em que os professores, com a sua atitude e exemplo, são essenciais.
Mas a estas questões de qualidade, outras se juntam na lista das reformas que há para empreender, como esta do redimensionamento das turmas em classes normais que, por aumentar de 28 para 30 o número máximo de alunos por turma deixou irritados certos sindicalistas que ainda não entenderam a situação do país.
Fui aluno e fui professor. Por isso, sei do que falo, o bastante para poder dizer duas coisas: em classes normais o número de 35 alunos não é excessivo e, por isso, não é razão para menor qualidade do ensino, sendo esta o que mais depende da boa ou má preparação dos professores.
Ensinar exige qualidades que, para além da uma sabedoria que permita, se necessário, ir além do que os programas determinam, torne interessante e não maçadora a matéria que é ensinada.
Muitos professores, infelizmente, fazem da dificuldade, senão mesmo confusão, da matéria que ensinam a prova da sua sabedoria, assim como do número de reprovações em cada ano, a garantia do rigor do seu trabalho! Que disparate sem sentido cujas consequências se comprovam na má preparação com que muitos jovens chegam ao ensino superior.
Do excessivo à vontade com que se relacionam com os alunos ao descuido da sua apresentação há, também, quem disso faça a prova da sua “democraticidade”, como se a democracia fosse um comportamento onde não cabe o respeito e o rigor das atitudes que o bom comportamento cívico exige. Ser professor é, também, a arte de se tornar um amigo respeitado e confiável
Para além disso, ser professor exige que se torne um exemplo que muitos não são. E por uns sofrem os outros.
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