ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 10 de abril de 2012

DEITEI-ME COM A TRISTEZA…

Todos, alguma vez, já tivemos daqueles dias em que, mesmo sem razão aparente, acordamos a sorrir e a felicidade está por todo o lado. Cantamos ópera no duche, vestimo-nos a assobiar, e na rua, a cantarolar, dizemos a toda a gente: bom dia, tenha um bom dia!
E não entendemos muito bem como alguns continuam carrancudos como se levassem o mundo às costas.
No café, aquele de todos os dias, todos são nossos amigos e apetece gritar: uma rodada por minha conta!
Pois é, há dias assim.
Outros dias há, porém, em que amanhecemos cinzentões, tanto que nem o sol mais radioso nos consegue iluminar. Tudo nos parece negro e nada vai correr bem. À mente acodem-nos coisas, as mais tristes que já vivemos. É a dor por todo o lado, é o fado que nos pega no lado frio da vida. Parece que sentimos prazer no sofrimento…
Envolvem-nos sensações de dramas nunca vividos. Ou será que, mesmo sem o saber, já os vivemos algum dia?

Fui deitar-me com a tristeza,
Torpe, vadia, cruel,
Na cama que abandonaste,
Desfeita e fria deixaste,
Com amargo sabor a fel,
Nem o perfume ficou,
Desse corpo que foi meu,
Saudades tantas deixou,
Num coração ainda teu.
Destroçado, ficou só
Neste ninho abandonado,
Triste, vazio, gelado...
Sem sussurros de desejos,
Sem beijos
E sem calor…
Sem os corpos bem marcados,
Nos lençóis amarrotados
Por uma noite de amor…
Deitei-me com a tristeza,
Levantei-me com a dor!

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