Não me parece que uma entrevista de rádio, a que rádio for, fosse o modo como Passos Coelho deveria tratar de um assunto tão sensível e importante para muitos portugueses como é a reposição dos subsídios que retirou a funcionários públicos e a reformados. O que ouvi, onde “repor” e “devolver” foram palavras confusas porque, ainda que tendo significados diferentes, foram indistintamente utlizadas, não pode deixar sossegado ninguém e pode ser, até, motivo de grande indignação porque, o que o Primeiro Ministro pareceu dizer, não pode deixar de ser tomado como uma traição a quem confiou no que antes lhe fora dito.
A retirada temporária dos subsídios pode aceitar-se como uma medida de efeitos rápidos em situação de emergência, ao longo dos anos 2012 e 2013 como sempre foi dito, enquanto as medidas estruturais não tinham, ainda, tempo de produzir os seus efeitos. Agora parece que 2014 será, também, ano de privação e, depois disso, a situação não será regularizada de imediato.
Não me pareceu que o Primeiro Ministro tivesse explicado bem tudo isto e, sobretudo, não esclareceu porque o disse e porque escolheu uma entrevista de rádio para o dizer.
É confusão a mais, explicações a menos e razão para que lhe seja feita a pergunta: se tudo estava a correr tão bem, o que se alterou para vir agora com a desculpa, nada credível, de que a “intervenção” em Portugal ainda se prolonga por 2014, porque, a quando da suspensão dos pagamentos dos malfadados subsídios, foi o governo claro ao dizer que seria durante os dois anos referidos?
Não pode esquecer o Primeiro Ministro que esses subsídios fazem parte da retribuição de prestação de trabalho pelos atingidos pelos cortes e, em particular no caso dos reformados da actividade privada, resulta de dinheiro que as empresas entregaram ao Governo para o devolver sob a forma de reformas àqueles de cujos ordenados foi retirado!
Vitor Gaspar dissera que não via razões para aumentar ou prolongar a austeridade imposta aos portugueses e nada fazia crer que Passos Coelho dissesse, agora, o que disse. Ou será que não foi bem isso o que disse ou quis dizer?
A menos que uma explicação cabal e plausível seja dada para esta alteração e que significará, por certo, que o governo não foi capaz de levar a cabo a tarefa a que se propôs e nas condições em que garantiu que estaria a consegui-lo, sinto que muitos portugueses perderão a confiança num Primeiro Ministro que, até aqui, parecia merecê-la.
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