ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 9 de abril de 2012

A CONFUSÃO CASA PIA

Há quanto tempo se sabia que meninos da Casa Pia andariam ali pelo Parque Eduardo VII e, à boca pequena, se falava de certas individualidades que os procurariam? Há quantos anos um professor daquela instituição clamava contra o que se passava e denunciava situações graves e impróprias de uma instituição estatal? Há quanto tempo os responsáveis governativos disporiam de informações a que não prestaram a devida atenção?
Foi necessário que, um dia, o chamado jornalismo de investigação denunciasse a questão para que todos arrebitassem as orelhas! Isto faz-me crer que o princípio bem pode ser que enquanto a opinião pública o não tiver de saber, melhor será que o não saiba.
Então todos acordaram e saltaram de todos os lados os defensores das vítimas, aos quais apetece perguntar: por onde andaram? O que andaram a fazer?
Quanto às responsabilidades do Estado, quem as reclamou? O Estado é ou não responsável pelo que se passa numa sua instituição à guarda da qual se encontravam as vítimas dos abusos denunciados? Não é possível deixar de reconhecer que o é, tanto como qualquer dos responsáveis pelo que se tenha passado. Mas qual tribunal o vai julgar?
Depois, foi o terrível espectáculo de um julgamento que não pode deixar de extravasar as paredes da sala de audiências e, através de uma cobertura total do que ali se passava, fez de todos nós um público atento que, por vezes, tinha muita dificuldade em compreender o que se passava.
Passaram-se coisas quase inexplicáveis e muitos temos, ainda, sérias dúvidas quanto a decisões tomadas sobre a forma como alguns indiciados foram deixados à margem de uma investigação mais profunda, à conta de estranhas razões difíceis de aceitar.
Para “compor o ramo”, aparecem “vítimas” a afirmar que disseram mentiras pagas por dinheiro e drogas!
Para além de coisas mal explicadas, há agora uma questão de credibilidade de testemunhas que nos pode levar a questionar o que, afinal, se passou.
Não me parece que alguma vez esta questão venha a ter um desfecho que possa deixar em paz as consciências e sempre deixará no ar a pergunta: quem foi mais culpado, os “porcos” que, eventualmente, tenham abusado de rapazinhos, os que se aproveitaram deles em negócios ilícitos ou os “cínicos” que permitiram que tal acontecesse?

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