ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

“ANTENAS ABERTAS”, TELENOVELAS E ALGO MAIS...

Se fizessem destes programas de “antena aberta”, agora tão em voga, oportunidades para esclarecer, eu poderia ver neles melhores razões para existirem, sobretudo em tempos em que ter noções corretas das coisas, saber exatamente o que se passa muito ajudaria a superar as dificuldades. Porém e já que existem do modo como são, dão para ter uma ideia de como as pessoas os utilizam, umas simplesmente para revelarem o que pensam, mas outras para descarregarem a raiva que certas correntes de ideias lhes sugerem ou a que lhes causa a vida difícil a que as circunstâncias as obrigam.
É óbvio que as diversas “antenas” não fazem destas iniciativas um serviço público, uma participação na valorização do país, mas uma oportunidade para disputarem “tempos de antena” e iniciativas que nada têm de inovadoras porque são iguaizinhas em todas elas.
São monótonas e falhas de imaginação estas televisões generalistas que são quase cópias umas das outras tanto no tipo de programas que apresentam como nas horas a que o fazem, no número crescente de telenovelas que nos impingem e, até, na publicidade que descarregam aos magotes durante intermináveis intervalos que, curiosamente, são coincidentes. Quanto a isto, ainda não percebi por que os que pagam balúrdios por aquela publicidade a granel ainda não se deram conta que, assim tão longos, aqueles são intervalos que todos utilizam para ir ver como está a cozedura das couves e das batatas para o jantar ou, mesmo, para aliviar certos incómodos próprios da natureza humana.
As telenovelas, essas, são a descoberta mais macabra da caixinha mágica. Literariamente pobres, imaginativamente desastradas e formalmente deseducativas, as telenovelas conseguem ser o contrário de qualquer boa narrativa que condensa numa breve descrição de minutos o que se passa em muitas horas, dias ou meses até. São uma fantasia que se alonga ou encurta à medida de interesses de programação, por vezes com sequências que nem a mais fértil imaginação consegue apreender e fazem perder a noção do tempo e do modo, por tanto que confundem e baralham os acontecimentos. As “antenas abertas” não lhes ficam atrás na baralhação que causam. Por vezes, parecem batalhas campais em que se confrontam ideias feitas, por isso inaproveitáveis para conclusões que espelhem qualquer realidade.
Tenho reparado que há interventores crónicos e também que, consoante o tema, sempre aparecem os que tentam fazer opinião e debitam, num chorrilho cuidadosamente decorado, ideias que muito bem conhecemos, deste ou daquele partido, desta ou da outra central sindical.
Quanto ao “convidado”, raramente consegue evidenciar o saber e o distanciamento dos interesses instalados que lhe permitam ser o farol que ilumine a confusão que vai neste país, por enquanto ainda mais ressabiado e oportunista do que democrático.
Hoje estive a ouvir um desses programas que pediam a opinião sobre a iniciativa de o governo proibir a tolerância de ponto no Carnaval e ouvi as coisas mais díspares, ditas das maneiras mais diversas, umas com nexo e outras nem por isso, umas de modo cordato e outras prenhes de azedume e, algumas vezes, reveladoras de uma falta de educação confrangedora!

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