Quando todos sabemos que o governo não tem grandes alternativas para as decisões que está a tomar, se é que tem algumas, uns por umas razões e outros por outras, criticam-no de modo mais aberto ou mais velado.
Se os partidos de extrema esquerda criticam por motivos de princípio, porque de ideologia não é com certeza, Seguro critica por dever de ofício porque é assim o é hábito nas democracias anquilosadas e falhas de ideias. Por sua vez, Cavaco Silva esforça-se a tentar recuperar alguma da popularidade perdida com certos percalços como o caso das reformas.
É fácil criticar a dureza porque popular é ser-se magnânimo, mesmo que tal seja uma forma de tentar fazer esquecer o mal que antes se fez.
Não posso duvidar de que é a contragosto e não por paixão que o governo nos impõe austeridade, assim como não duvido que a aliviaria se tal estivesse ao seu alcance.
Mas de uma coisa não tenho dúvidas também: não nos reconduzirá à abastança esta austeridade que, em boa medida, apenas nos levará a um nível de vida compatível com os recursos de que dispomos, uma regra de bom senso de que nos esquecemos por tempo demais. Por isso, equivocam-se os que esperam que o milagre do crescimento nos devolva a "riqueza" perdida.
Se, finalmente, Portugal proceder como deve, poderá alcançar uma qualidade de vida muito agradável, com um nível de vida satisfatório o que, porém, me não parece atingível com algumas das reestruturações em curso porque a riqueza do nosso país, pelas suas características espaciais, está na ocupação humana do território em vez das grandes concentrações próprias de uma economia globalmente decadente.
Mas, seja qual for o caminho que as coisas irão levar depois, a reposição do equilíbrio financeiro é indispensável e, como acontece a quem se excede, apenas se alcança depois de uma dura ressaca!
Não me parece, pois, que deva ser a inevitável austeridade a razão das críticas, mas sim o projeto de futuro que se tenha em mente.
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