ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A LIÇÃO DA VELHA FÁBULA

No “Novo capítulo do Boletim Estatístico relativo ao endividamento do setor não financeiro”, o Banco de Portugal publicou os valores das dívidas dos sectores não financeiros público e privado e a conclusão a tirar é que somos um bando de gastadores inveterados. Deixámos que as dívidas atingissem valores exorbitantes, muito para além do que as mais elementares regras de bom senso recomendariam.
São dívidas de tal modo elevadas e crescentes ao longo de muito tempo que nem se consegue entender como quer os endividados quer os prestamistas pensariam resolver a situação criada de um modo razoavelmente controlado.
Diz o relatório que “No final de 2011, a dívida não consolidada do setor privado não financeiro situava-se em 479 mil milhões de euros, perfazendo 280% do PIB (281% em 2010). As empresas registavam um nível de endividamento de 178% do PIB (177% em 2010) e os particulares um nível de endividamento de 103% do PIB (104% em 2010). O endividamento dos particulares ascendia, em 2011, a cerca de 121% do rendimento disponível (cfr. quadro K.1.1 do capítulo K do Boletim Estatístico)”.
Se a esta dívida privada, de empresas e de particulares, somarmos a dívida pública não financeira, na ordem de 200 mil milhões de euros, teremos o total de uma dívida que ultrapassa, no total, os 400% do Produto Interno Bruto.
Em quaisquer circunstâncias, a dívida total excede o que o país produz em quatro anos completos de atividade.
Duas conclusões poderemos tirar dos números que o Banco de Portugal revela: adotámos um estilo de vida cujos custos são, pelo menos, quatro vezes superiores à nossa produção de riqueza e, por isso, a correção deste desequilíbrio será, inevitavelmente, penosa e longa!
É difícil de compreender como foi possível deixar que as coisas chegassem a este ponto. Por isso será cada vez mais necessário apurar factos e responsabilidades que esclareçam, de vez, o que se não deve repetir!
Em face do valor excessivo da dívida, não é razoável acreditar que o país possa crescer tanto que recupere o “nível de vida” que tinha antes da crise e, por isso, será inevitável passarmos a ter um nível de vida significativamente mais baixo do que o que artificialmente criámos, facto a que muitos chamam empobrecer! Mas é, simplesmente, o adaptar o nosso nível de vida à nossa capacidade financeira. Infelizmente é a lição da velha fábula da formiga e da cigarra: Folgaste? Aperta o cinto, agora!

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