Nesta terceira visita da Troika voltam a levantar-se vozes sobre a dureza do acordo celebrado e algumas até exigem que a Portugal seja concedido mais tempo para cumprir o que lhe foi imposto em troca do auxílio financeiro.
Dos partidos mais à esquerda apenas se poderiam esperar as críticas que sistematicamente fazem e que nada nem condições algumas alteram. Porém, do partido Socialista que negociou o acordo com a Troika e com ela definiu as condições do seu cumprimento, esperar-se-ia muito mais do que um discurso demagógico e bizarro que pode soar bem aos ouvidos dos que sofrem a austeridade mas não pode enganar os que não se deixam iludir por fantasias que, todos sabemos, não passam disso e nos podem sair muito caras.
Decerto sabe Seguro que não se concedem bónus a quem, antes, não demonstre merece-los. Depois sabe, com certeza também, que se não negoceiam alterações de acordos como este pressionando quem ajuda, mas sim convencendo quem o faz! Não se alcançam proveitos com manifestações de protesto contra os que nos podem virar costas e, simplesmente, dizer: governem-se!
Fomos um país leviano no modo como tentámos dar um passo maior do que a perna, vivendo muito além do que estava ao nosso alcance. Tivemos um governo cujo primeiro ministro teve a ousadia de publicamente se vangloriar de ter tido a coragem de aumentar a dívida e, depois, levou para além do momento razoável o pedido de ajuda do qual disse não necessitarmos!
Pela segunda vez um governo do partido socialista expôs Portugal à voragem dos mercados, pelo que, pela segunda vez e em consequência de uma miragem inalcançável, o socialismo, fomos parar às portas da bancarrota!
Não se sai de uma situação como a nossa apenas com austeridade e até talvez seja necessária uma ajuda suplementar, mas não teremos mais ajudas enquanto nos não mostrarmos dignos dela.
Os dados publicados pelo Banco de Portugal sobre as dívidas dos sectores não financeiros públicos e privados, dão-nos conta da situação a que chegámos e dizem-nos de onde vieram os meios financeiros que nos fizeram julgar ricos, para os devaneios sociais que nos fizeram ficar preguiçosos, exigentes de mais benefícios e descuidados, assim como para as “conquistas” que agora o governo se vê forçado a anular. São oriundos dos empréstimos contraídos e hoje constituem a dívida monstruosa que nos atola.
Todos somos, de um modo geral, culpados de uma situação complicada, mas não se pode deixar de dizer que falharam os governos – sejam eles quais forem – porque permitiram os desmandos que até esta situação nos levaram e muito mais falharam os que para o aumento da dívida contribuíram.
É óbvio que mais um ano no prazo para reequilibrar as contas poderia significar algum alívio e, a ser possível, não será o governo a desprezá-lo, com certeza. Pode até acontecer que esteja previsto, mas mandam a prudência e o bom senso que tudo se faça de modo discreto e ponderado, não sendo de esperar que tal aconteça sem as provas seguras que Portugal ainda terá de dar.
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