ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

VAMOS OU NÃO BRINCAR AO CARNAVAL?

Com o argumento de que não faz sentido manter a tolerância de ponto no Carnaval quando, para aumentar a produção, se anulam alguns feriados, a terça-feira gorda, assim se lhe chama também, será um dia como outro qualquer, sem o divertimento que, para muita gente, é quase uma razão de ser.
Nunca fui e continuo a não ser um amante do divertimento próprio do Carnaval, mas não acho mal que outros o sejam. Aliás, o Carnaval acabou por fazer parte das iniciativas turísticas mais importantes de muitos lugares, tornando-se famosos alguns deles que chamam muita gente que anima as economias locais e são o ganha-pão de muitas pessoas.
O Carnaval faz parte, também, da cultura popular e de uma sequência de emoções que, na Quarta-Feira de Cinzas, lembram ao homem a sua passagem breve por este mundo que, por vezes, se esquece das suas origens e do seu destino, do pó de que foi feito e no qual, de novo, se transformará.
Quanto aos feriados, a discussão que a anulação deste ou daquele possa gerar, não passa para mim de argumentação pouco interessante quando a maioria dos que os gozam apenas deles faz uso para passear, descansar ou se divertir como em qualquer fim de semana, quase sempre nem sabendo a razão pela qual têm esse dia livre para o fazer.
Há muito que o significado dos feriados foi varrido da memória da maioria do povo que cada vez menos tem noção da sua razão de ser. As escolas, os meios de comunicação social e o próprio Estado raramente os divulgam como o deveriam fazer e não têm os cuidados de pedagogia que a preservação da memória colectiva merece. Alguns feriados que eram profusamente comemorados, como acontecia, por exemplo, com o 1º de Dezembro na minha juventude, passam agora despercebidos, enquanto outros, como o 5 de Outubro mais me parecem festas de amigos que desejam manter vivo um acontecimento, a implantação da República que, para quase toda a gente, já pouco ou nada diz! Por outro lado, há datas importantíssimas do nosso passado das quais ninguém fala, algumas bem mais significativas e dignas de serem relembradas do que aquelas que, pretensamente, se comemoram.
Por tudo isto, soam-me ridículos os argumentos dos que dizem ser incompreensível acabar com este ou com aquele se a maioria das pessoas nem ideia faz do que se trata.
Mesmo assim, continuem os feriados que tanto gozo dão a tanta gente!
O que não me parece fazer sentido é que se tenha acabado com a tolerância de ponto no Carnaval deste modo tão abrupto, uma festa que o era para muita e muita gente, tal como o são, por exemplo, as festas dos Santos Populares e outras festas locais e regionais de grande expressão e significado popular.
Para ser diferente e os feriados voltarem a ter o significado que devem ter e a participação comemorativa que alguma vez tiveram, talvez fosse de rever os próprios eventos cuja memória, com eles, se pretende perpetuar, passando as comemorações a ser evocações autênticas e não apenas meros pretextos para não trabalhar!

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