ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 7 de março de 2017

A GERINGONÇA: CADA CABEÇA SUA SENTENÇA. MAS O MELHOR É ESTAR ATENTO



Cada um é aquilo que os outros pensam que seja. E de nada adiantará pensar que se é de outro modo, porque não é desse modo que é visto. Em suma, cada um é aquilo que parece e que é e … pronto!
Oiço todos os dias falar de Portugal. Uns falam da crise que continua a viver, outros dos progressos enormes que tem feito e alguns até o tomam como exemplo no esforço que fez para sair da situação muito complicada em que chegou a estar.
Chegou, está, esteve… sei lá, porque cada qual diz a sua coisa, vê Portugal a seu jeito.
O Primeiro Ministro e o Presidente da República, pareciam-me capões inchados quando anunciaram que conseguimos por o défice em 2,3 (dois vírgula três) por cento do PIB, até que o Ministro das Finanças, mais inchado ainda, anunciou o valor extraordinários de 2,1 (dois vírgula um) por cento de um PIB que praticamente não cresce há anos, ainda que continuem as exportações a crescer e o consumo interno a aumentar. Dizem! E a dívida continuou a aumentar assustadoramente.
Recuperam-se salários na Função Pública, reduzem-se horários de trabalho, baixam-se os combustíveis, sobem-se os combustíveis, reduz-se o IVA aqui mas sobe-se ali e acolá, inventam-se taxas para isto e para aquilo, dão-se explicações extensas que pretendem demonstrar como a nossa economia está pujante. A UTAU diz isto, o Governo diz aquilo, o Ministro das Finanças também tem o seu entendimento das coisas, Marques Mendes, Ferreira Leite e outros, dizem também, mas vem, agora, a Blomberg dizer que Portugal continuará a ser um dos 20 piores países do mundo quando se tem em conta o número de desempregados e o aumento generalizado dos preços, mesmo que a tendência não seja tão negativa como noutros territórios. Portugal até caiu três lugares em relação à projecção do ano passado, mas a alteração deveu-se ao agravamento da situação noutros países e não à melhoria no território nacional.
O Instituto Nacional de estatística, em 1995, primeiro ano para o qual são apresentados números, a carga fiscal representava 29% do Produto Interno Bruto (PIB): 13,2% diziam respeito aos impostos indirectos, 8,1% aos impostos directos e 7,7% às contribuições efetivas para a Segurança Social.
Em 2015, a carga fiscal representava 34,4% do PIB, mais 5,4 pontos percentuais do que há 20 anos: os impostos indirectos representavam 14,5% do PIB, os directos 10,8% e as contribuições sociais 10,8%.
Nesse ano, o peso dos impostos indirectos (como o IVA e os impostos especiais sobre o consumo, como o sobre os produtos petrolíferos ou sobre o tabaco) na economia é o maior desde 2006, quando representava 14,8% do PIB, o que me não soa a grandes melhorias.
O INE diz, também, que a taxa de risco de pobreza desceu em 2015 para 19% da população portuguesa com rendimentos mais baixos e que recebe prestações sociais, mas mantém-se acima dos valores registados no início da década, segundo dados divulgados hoje pelo INE.
E diz este e diz aquele. Todos dizem qualquer coisa.
Então porque não hei-de dizer eu o que sinto quando faço compras? Digo que cada vez trago menos pelo mesmo dinheiro!
Não é um bom indicador, como o não são os dos INE e outros que não utilizam, nas contas que fazem, e engenharia financeira, talvez a única que nunca entendi.
Afinal isto é mesmo uma geringonça.

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