Cada
um é aquilo que os outros pensam que seja. E de nada adiantará pensar que se é de
outro modo, porque não é desse modo que é visto. Em suma, cada um é aquilo que
parece e que é e … pronto!
Oiço
todos os dias falar de Portugal. Uns falam da crise que continua a viver, outros
dos progressos enormes que tem feito e alguns até o tomam como exemplo no
esforço que fez para sair da situação muito complicada em que chegou a estar.
Chegou,
está, esteve… sei lá, porque cada qual diz a sua coisa, vê Portugal a seu jeito.
O
Primeiro Ministro e o Presidente da República, pareciam-me capões inchados
quando anunciaram que conseguimos por o défice em 2,3 (dois vírgula três) por
cento do PIB, até que o Ministro das Finanças, mais inchado ainda, anunciou o
valor extraordinários de 2,1 (dois vírgula um) por cento de um PIB que
praticamente não cresce há anos, ainda que continuem as exportações a crescer e
o consumo interno a aumentar. Dizem! E a dívida continuou a aumentar
assustadoramente.
Recuperam-se
salários na Função Pública, reduzem-se horários de trabalho, baixam-se os
combustíveis, sobem-se os combustíveis, reduz-se o IVA aqui mas sobe-se ali e
acolá, inventam-se taxas para isto e para aquilo, dão-se explicações extensas
que pretendem demonstrar como a nossa economia está pujante. A UTAU diz isto, o
Governo diz aquilo, o Ministro das Finanças também tem o seu entendimento das
coisas, Marques Mendes, Ferreira Leite e outros, dizem também, mas vem, agora,
a Blomberg dizer que Portugal continuará a ser um dos 20 piores países do mundo
quando se tem em conta o número de desempregados e o aumento generalizado dos preços,
mesmo que a tendência não seja tão negativa como noutros territórios. Portugal
até caiu três lugares em relação à projecção do ano passado, mas a alteração
deveu-se ao agravamento da situação noutros países e não à melhoria no
território nacional.
O
Instituto Nacional de estatística, em 1995, primeiro ano para o qual são
apresentados números, a carga fiscal representava 29% do Produto Interno Bruto
(PIB): 13,2% diziam respeito aos impostos indirectos, 8,1% aos impostos directos
e 7,7% às contribuições efetivas para a Segurança Social.
Em
2015, a carga fiscal representava 34,4% do PIB, mais 5,4 pontos percentuais do
que há 20 anos: os impostos indirectos representavam 14,5% do PIB, os directos
10,8% e as contribuições sociais 10,8%.
Nesse
ano, o peso dos impostos indirectos (como o IVA e os impostos especiais sobre o
consumo, como o sobre os produtos petrolíferos ou sobre o tabaco) na economia é
o maior desde 2006, quando representava 14,8% do PIB, o que me não soa a
grandes melhorias.
O
INE diz, também, que a taxa de risco de
pobreza desceu em 2015 para 19% da população portuguesa com rendimentos mais
baixos e que recebe prestações sociais, mas mantém-se acima dos valores
registados no início da década, segundo dados divulgados hoje pelo INE.
E diz este e diz aquele. Todos dizem qualquer coisa.
Então porque não hei-de dizer eu o que sinto quando
faço compras? Digo que cada vez trago menos pelo mesmo dinheiro!
Não é um bom indicador, como o não são os dos INE e
outros que não utilizam, nas contas que fazem, e engenharia financeira, talvez
a única que nunca entendi.
Afinal isto é mesmo uma geringonça.
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