Quando
as maiores dúvidas sobre o futuro da Europa se acumulam, quando a Europa se vê
cercada por perigos diversos que põem em causa a sobrevivência da União
Europeia, quando são cada vez mais divergentes as propostas dos vários membros
sobre o que deve ser o seu futuro, os
líderes europeus reúnem-se na capital italiana para celebrar o 60.º aniversário
do Tratado de Roma, já sem a presença do Reino Unido.
Propõem-se, nessa reunião, analisar a situação da
União, depois do que farão uma declaração sobre o futuro da Europa a 27. Dizem.
Apesar da solenidade do acto e das declarações
bombásticas sobre a urgência de decidir o futuro, eu não acredito, de todo, que
possa sair desta reunião qualquer decisão que seja capaz de superar as divergências
não resolvidas ao longo de mais de mais de meio século de vontades anémicas
para o conseguir. E, como é costume nestes casos, sejam europeus ou mundiais, a
declaração não passará de um paleio bem enfeitado de palavras ôcas e sem
qualquer efeito no futuro, como também é hábito que aconteça.
Retirando os primeiros anos de CEE e considerando os
alargamentos sucessivos sem que os anteriores estivessem minimamente consolidados,
nada vejo que, ao longo dos últimos anos, tenha sido feito no sentido de uma união
que, de facto, faça desta amálgama de países com passados turbulentos e tão
diferenciados nos seus propósitos, um espaço em que os seus interesses
prioritários se conjuguem, mesmo o de, simplesmente, sobreviver às cobiças dos
monstros que pretendem afirmar-se através das suas grandezas e a ameaçam pelos
mais variados pretextos.
Na realidade, a União Europeia não existe de facto
e, por isso, não tem força para se impor no “concerto mundial desafinado” que bem
pode acabar num réquiem pelo seu futuro!
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