ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 14 de março de 2017

A INVESTIGAÇÃO



Está na ordem do dia a questão da já longa duração da investigação no Caso Marquês que envolve, além de José Sócrates, outras individualidades, todas elas, simultaneamente em situações de muito poder e que são suspeitos de práticas dolosas muito graves para as finanças e para a economia do país. Quer dizer, para todos nós!
Há quem defenda, a começar pelo próprio ex-Primeiro Ministro, logicamente, que tal não faz sentido ou que é, mesmo, ilegal, prolongar tanto o prazo de investigação sem apresentar provas e, em consequência, deduzir uma acusação ou arquivar o processo.
Dentre os que opinam, parece mais frequente a ideia de que num caso tão complexo, as provas são mais difíceis de obter, sobretudo pela facilidade com que, nas práticas financeiras actuais, o dinheiro “viaja” rapidamente pelo mundo para se esconder em off-shores manhosos. Por isso a investigação necessita de muito tempo.
O “crime” dispõe, agora, de instrumentos sofisticados para iludir a investigação ou, pelo menos, para a tornar muito mais difícil e demorada.
No Caso Marquês, a evolução da investigação tem trazido à tona, sucessivamente, novos factos e novos actores, o que mostra como podem ser complexos e elaborados os procedimentos criminosos sob investigação.
Os suspeitos, alguns deles pessoas antes muito consideradas e que, pelos méritos que já lhes tinham sido publicamente reconhecidos, estariam para além de quaisquer suspeitas, são poderosos homens da Banca, gestores, empresários e homens de negócios e vão surgindo uns após outros. Com eles, novos factos vão aparecendo também, dando a ideia de que quanto mais se investigar mais se encontrará. Pode ser…
Então, é caso para perguntar se deve a investigação quedar-se em qualquer momento pré-definido, seja por qual razão for e sem ir até ao mais fundo da questão ou se, leve o tempo que levar e desde que as circunstâncias o justifiquem, deverá prosseguir até ao esclarecimento total ou bastante para que, sem peso na consciência nem dúvidas na sociedade, o caso possa ser arquivado ou haver uma acusação.
Não seria a primeira vez que, mesmo com a consciência formada de terem sido praticados crimes, se vê a Justiça patinar e, mesmo com provas diante de seus olhos, diante dos olhos de toda a gente, deixa livres os criminosos por esta razão ou por aquela.
É hora de acabar com a truculência que cerceia a Justiça. É hora de a Justiça se impor.
Por isso, não concordo que o polícia deixe de correr atrás do suspeito que persegue, porque lhe faltou o fôlego ou o mandaram parar!
E para terminar uma pergunta: não deve a acusação ser feita apenas depois de concluída a investigação? Então por que tantas lamentações por ainda não ter sido ainda feita?


Sem comentários:

Enviar um comentário