Eu gostaria de ver os homens das leis a preocuparem-se com as razões que levaram o país a esta crise que amargamos de forma tão dura. Gostava de vê-los discutir se há matéria para julgar os responsáveis por esta tragédia que nos obriga a medidas excecionais para a podermos ultrapassar.
Sempre ouvi dizer que em tempo de guerra não se limpam armas, o que me leva a crer que em tempo de emergência nacional também não!
Privilegiados, nada fizeram até que lhes doeu no bolso, como me doi a mim e a muita gente que terá cortados os subsídios de férias e de Natal nos próximos dois anos, mas que prefere que seja assim a andarmos permanentemente a perder o pouco que temos até não termos nada para além das leis!
De uma classe da qual esperaria uma visão das coisas acima da média, vem agora uma atitude que dizem ser de imperativo legal, a qual tem em vista impedir que o governo tome as medidas indispensáveis á recuperação da credibilidade do país perante os seus credores. Se lhes fosse dada atenção, Portugal não cumpriria os compromissos que assumiu e isso traduzir-se-ia em mais austeridade que, queira Deus que não, faria perigar o pagamento dos vencimentos e não apenas dos subsídios.
A Constituição é, sem a menor dúvida, muito importante, mas não é ela quem paga as dívidas que fizemos e teremos de pagar se desejarmos continuar a pertencer ao mundo dito evoluído.
Se o momento é de emergência, as medidas terão de o ser, também.
Sem me sentir responsável pela situação que vivemos, tanto porque me insurgi contra as loucuras de gastos do Estado como os incentivos despudorados a um consumo excessivo que já levou à falência milhares e milhares de famílias, sinto que terei de aceitar as medidas que visam combatê-la, sem pruridos de legitimidades que tanto poderiam ser estas como outras quaisquer.
Mas o Presidente da República deu o mote e agora vai ter de se haver com isso. Veremos.
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