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ACORDO ORTOGRÁFICO
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terça-feira, 27 de dezembro de 2011
AVALIANDO O GOVERNO
Um governo é constituído por vários ministros que têm a seu cargo tarefas diferentes, de naturezas bem diversas e cujos efeitos não se farão sentir simultaneamente, menos ainda quando se trata de uma situação de emergência como a que o atual veio encontrar e uma exigência de mudança como as circunstâncias impõem. O governo organiza-se estrategicamente em função de um objetivo e planeia as ações com que se propõe alcançá-lo em conformidade com a oportunidade e as condições próprias e possíveis para as realizar.
É assim que acontece em qualquer projeto para que tudo aconteça na altura certa e nas melhores condições até ao resultado final.
Mas, para além de tudo isto há, ainda, preparativos que antecedem todas as tarefas, tal como há, também, instalações provisórias que, com o tempo outras definitivas irão substituir.
Ainda que a execução de um plano tenha de ser constantemente controlada e avaliada, há que faze-lo em função da oportunidade e das condições, não sendo possível integrar na avaliação as tarefas que ainda estejam nos preparativos nem as que ainda não tenham condições para serem iniciadas.
Na avaliação de um governo há que ter em conta exatamente os mesmos princípios.
Compreende-se a ansiedade de quem, pelas dificuldades que sente, desejaria ver alcançados de imediato todos os objetivos e se sinta desorientado naquela confusão que, aos olhos dos leigos, sempre parece o início de qualquer coisa. Mais se compreende, ainda, a perplexidade de ver o que parece ser destruir, ainda que seja necessário para se conseguirem as condições necessárias para, depois, construir.
Enfim, não me chocam demasiado as críticas que os leigos possam fazer nem as reclamações que a sua ansiedade possa justificar, mas fico espantado quando um jornal que tenho por competente, o Expresso, toma a iniciativa de uma avaliação pública ao governo ao fim de seis meses de uma missão muito difícil, sem dela tirar as conclusões que as circunstâncias justificam e se limite às conclusões imediatistas dos números recolhidos.
Além disso, os comentários anexados pecam muitas vezes por falta de isenção, assim como ao título “seis meses horribilis” bem poderia ter sido preferido “os seis meses que nos permitem ainda viver”!
Nem tudo é o que parece e os juizos apressados têm o mesmo efeito dos partos das cadelas que também o são: parem os filhos cegos.
Esta avaliação leva ao mesmo resultado da que poderia fazer-se de uma corrida de fundo em que participassem um velocista, um corredor de meio fundo e um fundista. No primeiro oitavo da corrida quem ocuparia os últimos lugares? Decerto aquele que, se tudo correr como previsto, acabará por vencer. No caso do governo, aquele que alcançará o objetivo desejado, a recuperação económica do país que é, afinal, o que se pretende.
Eu prefiro aguardar melhor oportunidade para fazer um juízo global e lamento que um jornal com as responsabilidades do Expresso necessite de uma apresentação bombástica com um título macabro para chamar a atenção.
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