Ontem,
ouvi Manuela Ferreira Leite dizer que “só ficaria descansada quando visse que o
valor do défice deixava de ser uma preocupação deste Governo. Está a ser dito
que o país já não está sob pressão, o que quer dizer que há uma certa liberdade
para seguir políticas que levem ao crescimento. Acho que há cada vez menos
adeptos das políticas que foram seguidas na Europa durante estes tempos. Há
cada vez mais consenso que é preciso mudar as políticas”.
Estas
afirmações de uma ex-ministra das finanças que, no tempo em que teve tal
responsabilidade, iniciou medidas de austeridade que, depois, não foi capaz de
prosseguir até onde a situação do país recomendaria, contêm em si, como na
maioria das vezes que fala, a crítica irresponsável de quem não tem de governar
pois, uma vez mais, confronta o défice e o crescimento sem explicar como se faz
crescer uma economia que gasta mais do que produz!
Depois,
há que colocar as questões nos seus contextos próprios, como aquele de o país
já não estar sob pressão, o que, de todo, não é verdade. A pressão da
necessidade de manter a economia equilibrada permanece, mesmo sem as incómodas
e humilhantes visitas da Troika nem as pressões escandalosas dos mercados que
nos sufocavam, porque persistem os perigos de novas derrapagens que
voluntarismos levianos podem causar, os quais, a acontecerem, nos trarão mais
cortes e mais impostos para as equilibrar, faria regressar a Troika e a pressão
oportunista dos mercados.
Não
me parece bastar que haja “cada vez menos adeptos das políticas que foram
seguidas na Europa durante estes tempos”, nem que haja “cada vez mais consenso
que é preciso mudar as políticas”.
É
o mesmo que dizer que há cada vez mais quem suspire por um regresso ao passado
que, tal como as circunstâncias o revelam, é cada vez mais uma impossibilidade.
Mas
tudo se pode resumir numa questão para a qual ainda não dei conta de haver
resposta: quais são as novas políticas
que substituirão a austeridade a que o consumismo obrigou?
As
velhas políticas de crescimento contínuado é que não são. Com certeza. Como o não é a que o novo governo grego quer praticar...
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