ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 26 de março de 2015

UMA CANDIDATURA DIFERENTE?

Ontem, indiferente às teorias correntes sobre a oportunidade de lançamento de candidaturas a Belém, Henrique Neto, um empresário que já foi deputado socialista nos tempos de António Guterres, anunciou que concorreria, independente, nas próximas eleições para a Presidência da República.
Prestei à entrevista que concedeu a José Gomes Ferreira, na SIC, a atenção que, nas circunstâncias em que me encontrava, me foi possível e, devo confessá-lo, não desgostei de coisas que lhe ouvi dizer. Terei de ficar mais atento de outras vezes porque me pareceu dar conta de propósitos que mereceriam ser reflectidos.
Por isso, não vou abordar aqui as pistas que deixou sobre o seu entendimento do modo como deve intervir na política o Primeiro Magistrado da Nação e com o qual pretende justificar o lema que será o da sua campanha “Por uma Nova República”.
Haverá, sempre, muito de poesia e de temeridade em quem pretende mudar qualquer coisa a que já nos habituámos como se não houvesse outro modo de fazer. Mas ainda bem que há quem seja assim e se disponha a incomodar o marasmo.
Mexer com ideias estafadas, com comodismos instalados, com carreirismos instituídos e com outras forças que representam interesses desmesurados, nunca será o projecto de quem tenha a esperança de uma via fácil para chegar aonde deseja, porque, aos magotes e furiosos, os monstros que defendem o “castelo” lhe vão sair ao caminho!
Nem imagino qual será o sucesso que Henrique Neto alcançará neste seu propósito de mudar a já anquilosada República Portuguesa e, com isto, a também tão desajustada democracia que vivemos, mas não me surpreenderá um fracasso rotundo perante os que preferem os caminhos já traçados, as regras já estabelecidas, os processos empoeirados de um regime que se deixou envelhecer demais e chafurda, já falho de forças, no atoleiro das confusões que criou. Porque, infelizmente, a maioria ainda prefere, no dizer mal característico dos inúteis, dizer mal em vez de fazer qualquer coisa por que possa ser criticada.
Ficarei atento a este candidato em cuja postura me agradou a coragem de pretender mexer na cartilha amarelecida pela vetusta idade e amputada pelos assaltos que tantas ambições já lhe fizeram. Isto num mundo que não pára de modificar-se.
Só a política não deita fora a obsoleta cartilha do Mário.


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