Pela proximidade
do aeroporto de Lisboa do local onde então trabalhava e, por isso, pela normalidade do ruído
aviões, não me apercebi imediatamente do “ataque aéreo” ao RALIS, o quartel que, da janela do meu gabinete, eu
podia ver do outro lado da estrada.
Mas, depois, vi um avião em voo picado a lançar uns “rokets” sobre os pavilhões
onde eram guardados equipamentos e viaturas.
Era
notável a facilidade com que aqueles obuses atravessavam paredes e as placas de fibrocimento dos telhados sem nada estilhaçar mas que,
depois, não explodiam!
Nenhuma outra parte do quartel vi ser atingida. Nem um homem, de camisola encarnada, que manuseava um carrinho de mão do outro lado do terreiro que ficava em frente dos pavilhões atingidos, me pareceu preocupado com o que se passava, pois nem sequer interrompeu o que fazia!
Nenhuma outra parte do quartel vi ser atingida. Nem um homem, de camisola encarnada, que manuseava um carrinho de mão do outro lado do terreiro que ficava em frente dos pavilhões atingidos, me pareceu preocupado com o que se passava, pois nem sequer interrompeu o que fazia!
Depois,
já no terraço do edifício, de onde, com os meus colegas, apreciei melhor a “guerra”, dei conta de uns
quantos soldados que tomavam posições no parque de
estacionamento em frente do edifício, sem cuidados pelos canteiros de flores que eram o ai Jesus de um colega que deles cuidava carinhosamente. Irritado gritou para o guerreiro “ó amigo,
não vê que me está a estragar as roseiras?”.
O
homem olhou para cima e a falar baixinho perguntou “isso é comigo”?
Temi
o pior mas, após a confirmação de que era mesmo com ele, o guerreiro pediu
desculpa e mudou de lugar!!!
O
pior foi no dia seguinte quando vi o modo como foi abatido a tiro o condutor de uma
pequena viatura que, em marcha normal, se dirigia para as portagens da auto-estrada. Seria um mini sobre o qual, sem qualquer motivo aparente, para além de uns quantos gritos indecifráveis que soltavam uns "revolucionários" desde um distante viaduto, dispararam uns “valentes” que, exteriormente,
patrulhavam o quartel. Decerto sem fazerem ideia do que faziam…
Sobre o volante caiu o corpo inanimado do condutor e do
carro vi sair, amparada, uma mulher loira. O caso ficou conhecido como “a morte do filho
da Antónia”.
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