ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 20 de março de 2015

QUANDO AS FUTRIQUICES IMPORTAM MAIS DO QUE O FUTURO!


Habituado como estou a ouvir falar de “bichos de sete cabeças” quando é apenas uma pequena barata que passa, não me surpreende nada esta onda de “indignação” contra uma suposta lista VIP que talvez fosse apenas uma experiência interna para instalar um sistema de salvaguarda dos contribuintes, até agora totalmente expostos à curiosidade de um qualquer trabalhador dos impostos que entenda espiolhá-los e, se o quiser também, divulgá-los por sua iniciativa, a pedido de outrem ou porque assim entende que ajuda a “causa” partidária que defende.
De facto, que garantia poderemos ter de a privacidade a que temos direito quanto a rendimentos declarados e aos impostos que pagamos estar salvaguardada se, num momento particularmente propício a escândalos, esta pré-campanha eleitoral já em curso, é tão fácil divulgar factos passados e até resolvidos da vida contributiva de alguém, de modo a gerar confusão e a onda de críticas que por aí se espalha como um tsunami?
Estão todos preocupados com a possível existência de uma lista VIP, definitiva ou experimental que se destinaria a ser um procedimento generalizado de protecção de dados, mas a ninguém oiço referir que, dentre os trabalhadores dos impostos, houve quem faltasse ao seu dever de sigilo e inspeccionasse e publicasse os dados sobre alguém que, mesmo sendo primeiro-ministro tem, como qualquer outro, direito à sua privacidade.
Depois de tudo, da bagunça feita e do tempo perdido que é tão bom para dar “utilidade” a tantos deputados e comentadores de quem, para além das futriquices da ordem, nada oiço sobre as importantes questões que um futuro que se prevê muito complicado nos coloca, fica-me a sensação de que a questão principal, ou a verdadeira questão se preferirmos, passou despercebida. Afinal, depois de durante algum tempo se ouvir falar de que os dados das finanças de Passos Coelho andavam a ser “investigados” por trabalhadores das finanças, eles lá acabaram por surgir em público, ainda que sem provas de que tenha cometido qualquer crime. Será que não tem qualquer importância saber quem faltou aos seus deveres de sigilo ou como foi possível que tal acontecesse?
O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos que estava completamente preparado para a “tormenta” que se seguiria, com gravações e tudo, não se preocupou com a questão de saber quem praticou o acto irregular de divulgar dados confidenciais, como tal também me não pareceu ser preocupação dos comentadores que, quais abutres, sempre se alimentam do que acontece, jamais perdendo um segundo a pensar no que possa vir a acontecer…
Mas de que me admiro eu? Da conversa fiada com que os comentadores procuram notoriedade ou da atitude dos sindicatos para os quais os deveres não contam?



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