Quando
se analisa a parte sem levar em conta o todo a que pertence, são inevitáveis
erros graves de apreciação, particularmente quanto à dimensão real do que é
analisado.
É
o que sucede quando focamos a nossa atenção em algo que nos atrai e desejamos
possuir ou que aconteça, sem reflectir sobre as consequências que terá.
É
o que mais frequentemente acontece, por incapacidade de abranger a dimensão do
todo ou porque desejamos que se esqueça tudo o mais para além do que seja a
causa do nosso maior interesse, como se ele fosse o próprio todo que se faz
crer não ser função de coisa alguma.
É
assim na Política que rejeita e dissimula as mudanças que possam afectar as
suas empedernidas crenças, mas não o é na Ciência que sempre afere pelos novos
conhecimentos que adquire os que, até aí, já alcançara.
É o
desencontro entre o conhecimento que a Ciência vai revelando e as decisões
políticas que o deveriam ter em conta. Em vez disso, a política tende a negá-lo
e sistematicamente o faz quando não convém aos objectivos económicos que traça,
mantendo a atitude de negação mesmo quando a realidade lhe mostra o contrário
nas crises que lhe impõe.
Que sentido fará que apenas ao fim de quase setenta anos
depois de começarem a ser discutidas, no âmbito político, os problemas
ambientais e há já mais de quarenta as alterações climáticas que a actividade
económica causa, se conclua não ser mais possível adiar as atitudes que evitem
consequências desastrosas?
Por isso, infelizmente,
não acredito que, depois da Conferência de Paris, aconteçam as mudanças que
seriam necessárias, até porque são bem mais profundas do que a simples redução das
emissões de gases de estufa as medidas que o reequilíbrio climático exige,
entre as quais as que reponham a captação de dióxido de carbono pelos oceanos e
pelas florestas, muito prejudicada pela excessiva redução das áreas de floresta
húmida e pela intensa poluição oceânica.
Uma
desflorestação intensa pelo consumo de madeira e pela recuperação de espaços
para a criação de gado prejudica a sua função natural equilibradora e nos
oceanos, para além de numerosos desastres ecológicos que já aconteceram,
flutuam cerca de 300 mil toneladas de plásticos!
E
para isso seria necessário um modo diferente de viver, mais em conformidade com
os equilíbrios naturais que estamos a destruir, o que não se me afigura fácil.
Porque,
como afirma um velhíssimo ditado oriental “se o teu projecto é para 100 anos,
educa o povo”!
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