Contaram-me,
faz já muito tempo, a história de um moço que pediu ao pai os dez escudos que
lhe prometera pelos bons resultados na escola. As “férias grandes”, como então
se chamavam, estavam quase no fim e do prometido…nada!
Teve
como resposta, para que queres tu tanto dinheiro? Toma lá estes cinco escudos e
divide esses vinte e cinco tostões (dois escudos e meio) com o teu irmão!
É
assim quando, para alcançar um fim, se promete sem estar seguro de poder pagar.
Depois
das generosas promessas que o PS fez nas eleições que, nem mesmo assim,
conseguiu vencer, parecem-me já demasiadas as reticências e as precauções que,
sobretudo da parte do PCP, se manifestam a propósito do que possa não ser
cumprido.
A supressão
da tsu e da sobretaxa nos impostos, a eliminação da abominável e
discriminatória CES tirada às reformas, a reposição de salários e de pensões, o
salário mínimo e outras coisas que o PS garantiu para o imediato se lhe fosse
dado o poder, vamos vê-las por um canudo, com a desculpa que sempre se dá
nestas circunstâncias, a de não haver disponibilidades financeiras para tal.
Há
dezenas de anos que é assim na tão celebrada alternância democrática que mais
não é do que um “reabrir com nova gerência” que não tira a loja de
dificuldades. Apenas muda o sorriso cínico com se vai enganando o cliente.
É
assim há quarenta anos numa caminhada para a democracia que jamais chega ao fim
porque, deste modo, não passa da desculpa para os erros cometidos, dos quais,
porque sempre o serão em nome do povo, jamais haverá culpados.
Uma
das promessas mais badaladas nas eleições foi a de um salário mínimo de 600
euros que agora parece transformar-se em 530 euros que o PS crê possíveis, que
as associações patronais acham excessivos mas que o PCP continua a exigir por
inteiro, por ser um compromisso fundamental.
Parece que não estavam assim tão bem feitas as tais misteriosas contas!
Parece que não estavam assim tão bem feitas as tais misteriosas contas!
Poderá
o PS argumentar que foram promessas que cumpriria se o poder lhe fosse dado… E como não
foi...
Mas
porque, sem dúvida, um momento haverá em que as dissidências naturais entre a
extrema-esquerda, o PS e a realidade haverão de confrontar-se mais
violentamente em questões muito mais difíceis de resolver, creio chegada a
altura de saber o que fará o Presidente da República que se segue se os
desencontros perturbarem demasiado (outro conceito vago) a recuperação de
Portugal depois do resgate a que outras loucuras governativas obrigaram.
Mas
não me parece que sejam os que as previsões consideram mais capazes de vencer,
aqueles que com mais clareza darão resposta a esta questão porque a clareza não
é, nunca foi, a atitude que melhor resulta nas disputas pelo poder.
E
aqui vale aquele outro velho ditado, de tantos que o saber acumulou “todo o
burro come palha. O preciso é saber dar-lha”!
Foi
assim, assim será.
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