ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

TODO O BURRO COME PALHA…



Contaram-me, faz já muito tempo, a história de um moço que pediu ao pai os dez escudos que lhe prometera pelos bons resultados na escola. As “férias grandes”, como então se chamavam, estavam quase no fim e do prometido…nada!
Teve como resposta, para que queres tu tanto dinheiro? Toma lá estes cinco escudos e divide esses vinte e cinco tostões (dois escudos e meio) com o teu irmão!
É assim quando, para alcançar um fim, se promete sem estar seguro de poder pagar.
Depois das generosas promessas que o PS fez nas eleições que, nem mesmo assim, conseguiu vencer, parecem-me já demasiadas as reticências e as precauções que, sobretudo da parte do PCP, se manifestam a propósito do que possa não ser cumprido.
A supressão da tsu e da sobretaxa nos impostos, a eliminação da abominável e discriminatória CES tirada às reformas, a reposição de salários e de pensões, o salário mínimo e outras coisas que o PS garantiu para o imediato se lhe fosse dado o poder, vamos vê-las por um canudo, com a desculpa que sempre se dá nestas circunstâncias, a de não haver disponibilidades financeiras para tal.
Há dezenas de anos que é assim na tão celebrada alternância democrática que mais não é do que um “reabrir com nova gerência” que não tira a loja de dificuldades. Apenas muda o sorriso cínico com se vai enganando o cliente.
É assim há quarenta anos numa caminhada para a democracia que jamais chega ao fim porque, deste modo, não passa da desculpa para os erros cometidos, dos quais, porque sempre o serão em nome do povo, jamais haverá culpados.
Uma das promessas mais badaladas nas eleições foi a de um salário mínimo de 600 euros que agora parece transformar-se em 530 euros que o PS crê possíveis, que as associações patronais acham excessivos mas que o PCP continua a exigir por inteiro, por ser um compromisso fundamental.
Parece que não estavam assim tão bem feitas as tais misteriosas contas!
Poderá o PS argumentar que foram promessas que cumpriria se o poder lhe fosse dado… E como não foi...
Mas porque, sem dúvida, um momento haverá em que as dissidências naturais entre a extrema-esquerda, o PS e a realidade haverão de confrontar-se mais violentamente em questões muito mais difíceis de resolver, creio chegada a altura de saber o que fará o Presidente da República que se segue se os desencontros perturbarem demasiado (outro conceito vago) a recuperação de Portugal depois do resgate a que outras loucuras governativas obrigaram.
Mas não me parece que sejam os que as previsões consideram mais capazes de vencer, aqueles que com mais clareza darão resposta a esta questão porque a clareza não é, nunca foi, a atitude que melhor resulta nas disputas pelo poder.
E aqui vale aquele outro velho ditado, de tantos que o saber acumulou “todo o burro come palha. O preciso é saber dar-lha”!
Foi assim, assim será. 

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