Depois
do golpe constitucional que levou Costa ao poder, com promessas capazes de convencer
até os menos distraídos, surpreende-me não encontrar agora muito quem louve as
iniciativas que o novo governo se propõe tomar ou se manifeste esperançado no
futuro feliz que elas proporcionarão.
Pelo
contrário, são muitas as preocupações de muita gente que, porventura mais
esclarecida agora, teme as consequências desta política anti-austeridade que
seduziu tanta gente mas que agora os faz temer as consequências da política
despesista que, na realidade, é.
Não
creio que seja este o melhor momento para uma política de faz-de-conta porque
há muito se acabaram os excedentes com que os erros eram tapados mas nunca
resolvidos.
Ainda
que, depois de acenar com elas, algumas das medidas mais significativas para
aumentar as receitas das famílias tenham sido já retiradas e outras significativamente
mitigadas, a verdade é que a lista das despesas que António Costa, mesmo assim,
ainda mantém, parece um presente envenenado que apenas os mais inconscientes não
receiam.
É
que, se num orçamento, o que mais contam são as despesas e as receitas ou,
melhor dizendo, o saldo que da comparação entre as duas resultar, naquele que a
magia do PS vai apresentar, não parece haver como duvidar de que as primeiras excedem
significativamente as segundas, o que, sem qualquer dúvida, apenas pode
significar mais endividamento que, com juros, agora mais elevados, teremos de
pagar.
Isto
sem contar com os exageros nos crescimentos económicos previstos mas que não
vejo como justificar. Pelo contrário, noto contracção nos investimentos,
abrandamentos em projectos em curso, desconfianças quanto ao futuro das
finanças públicas.
Parece-me
que a situação financeira de Portugal não consente, ainda, estes devaneios de que
que António Costa necessita para cumprir as suas pretensões de carreira
política que, para já, o sentam na cadeira de primeiro-ministro.
E
para mim que não sou nem político nem percebo de Economia, a ciência que,
afinal, tem mais de engenharia do que a engenharia que eu conheço, se não for,
mesmo, o maior manual de prestidigitação jamais escrito, os receios de um
retrocesso profundo na evolução feita para equilibrar as contas, o que é indispensável antes de pensar em maiores voos, são cada vez
maiores, porque não consigo descobrir, na complexidade dos artifícios usados para explicar o inexplicável, a
simplicidade própria das coisas bem feitas e que todos compreendem.
Mas
e como sempre, o futuro é o grande mestre e teremos de esperar pelo que nos vai
dizer.
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