(A iluminação no mundo)
É
uma autêntica novidade na política mundial ver tantos chefes de Estado verdadeiramente
preocupados com o futuro da Humanidade, a ponto de descobrirem, finalmente, as
desigualdades profundas que fazem de vastas áreas deste planeta os autênticos
infernos em que a ganância de outros as transformou.
É
paradigmático o caso de África, o Continente das mil desgraças onde, melhor do
que em outro qualquer lugar da Terra, o célebre “em terra de cegos quem tem
olho é rei”, se traduz nas diferenças abissais entre o muito que muito poucos
possuem e o nada que a enorme maioria possui.
Acabou
um tipo de colonização, implantou-se outro, porventura bem mais duro e desumano
que faz de África o Continente mais pobre do mundo pela corrupção que a
“liberdade” consente.
Que
em cada três africanos, dois não têm acesso a electricidade, foi realçado na
Conferência de Paris que, por essa razão, julga encontrar qualquer solução nos
milhares de milhões que lhes darão para desenvolvimento de energias limpas para
evitar que queimem os combustíveis fósseis que outros continuarão a queimar.
A
verdadeira “escuridão” de África pode resultar desta estatística inimaginável
mas que, apesar disso, não faz jus à realidade bem maia dura da maioria dos que
ali vivem pela água imprópria que bebem, pelas fome e sede que sentem, pelas
doenças de que são vítimas, pelas sub-humanas condições de vida a que os
excessos poluentes de outros os obrigaram.
Eram
previsíveis as consequências do estatuto de coutada de que África se não viu
livre, de depósito de lixo em que se tornou, terra de doenças mortíferas cujos
vectores ali se acumulam e dos quais uns quantos, com alma de missionário,
tentam proteger os infelizes sem condições para sobreviver.
E que
farão depois de melhor iluminados se, de facto, os milhares de milhões para
isso servirem?
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