ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

BREVES CONSIDERAÇÕES A PROPÓSITO DE CONFERÊNCIAS SOBRE O AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS (III) (A “ESCURIDÃO” DE ÁFRICA)



(A iluminação no mundo)

É uma autêntica novidade na política mundial ver tantos chefes de Estado verdadeiramente preocupados com o futuro da Humanidade, a ponto de descobrirem, finalmente, as desigualdades profundas que fazem de vastas áreas deste planeta os autênticos infernos em que a ganância de outros as transformou.
É paradigmático o caso de África, o Continente das mil desgraças onde, melhor do que em outro qualquer lugar da Terra, o célebre “em terra de cegos quem tem olho é rei”, se traduz nas diferenças abissais entre o muito que muito poucos possuem e o nada que a enorme maioria possui.
Acabou um tipo de colonização, implantou-se outro, porventura bem mais duro e desumano que faz de África o Continente mais pobre do mundo pela corrupção que a “liberdade” consente.
Que em cada três africanos, dois não têm acesso a electricidade, foi realçado na Conferência de Paris que, por essa razão, julga encontrar qualquer solução nos milhares de milhões que lhes darão para desenvolvimento de energias limpas para evitar que queimem os combustíveis fósseis que outros continuarão a queimar.
A verdadeira “escuridão” de África pode resultar desta estatística inimaginável mas que, apesar disso, não faz jus à realidade bem maia dura da maioria dos que ali vivem pela água imprópria que bebem, pelas fome e sede que sentem, pelas doenças de que são vítimas, pelas sub-humanas condições de vida a que os excessos poluentes de outros os obrigaram.
Eram previsíveis as consequências do estatuto de coutada de que África se não viu livre, de depósito de lixo em que se tornou, terra de doenças mortíferas cujos vectores ali se acumulam e dos quais uns quantos, com alma de missionário, tentam proteger os infelizes sem condições para sobreviver.
E que farão depois de melhor iluminados se, de facto, os milhares de milhões para isso servirem?

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