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ACORDO ORTOGRÁFICO
O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
A INDEPENDÊNCIA DA MADEIRA!
Está a tornar-se evidente que Alberto João Jardim perdeu a tramontana! Embora me pareça que o homem ainda tem idade para conservar intacta a sanidade mental, as suas atitudes parecem revelar o contrário porque não é atitude equilibrada a de ameaçar com a independência da Madeira cada vez que lhe não querem fazer as vontades ou, sendo mais claro, lhe não dão o dinheiro que exige para o folclore de inaugurações que tanto o faz “inchar”. Parecem coisas de garoto matreiro que chantageia para tentar alcançar os seus objectivos.
Não faz qualquer sentido que o Presidente de um governo de uma Região de Portugal coloque, sequer, a hipótese da intensificação de um movimento independentista que nunca atingiu qualquer amplitude significativa nem tem qualquer sentido histórico, a não ser agora nas suas palavras.
É pena que o governo português não reaja como deveria reagir a atitudes como esta que, em hora de absoluta necessidade de união entre todos os portugueses, agita a ideia de um problema que, a existir, seria muito grave!
Não parece que seja de continuar a permitir a este cavalheiro as atitudes bizarras que adopta, particularmente quando o governo nacional é da responsabilidade do PSD que ele diz ser o seu partido. É mais do que hora de por um fim às diatribes do “eterno senhor” dos madeirenses que, parece que finalmente, mostrou todos os seus podres, os da sua administração ruinosa e do seu carácter manhoso.
Criticou duramente Sócrates pelo despesismo que nos colocou na situação incómoda em que nos encontramos mas que, afinal, parece ter paralelo na situação e que colocou as finanças da Madeira: um profundo buraco.
Não seria hora de reformar o Sr Jardim?
terça-feira, 23 de agosto de 2011
A GREENPEACE DENUNCIA ABUSOS DE GRANDES MARCAS
A Greenpeace, no seu constante combate aos actos contra a Natureza, prestou mais um excelente serviço a todos nós ao denunciar que em produtos de vestuário de diversas grandes marcas, fabricados na China, na Malásia, no Vietname e nas Filipinas, foram encontrados vestígios de substâncias químicas tóxicas, susceptíveis de afectar os órgãos reprodutivos de seres vivos.
São vestígios de químicos usados como detergentes em processos industriais, especialmente na produção de têxteis naturais e sintéticos.
Para além dos efeitos directos resultantes do uso das peças de vestuário contaminadas, o lançamento dos detergentes no meio natural, directamente ou através de sistemas de esgotos, dá origem a toxinas muito activas.
A facilidade de utilização destes químicos perigosos para a saúde humana e para o ambiente, é uma das razões pelas quais se deslocalizaram indústrias para países permissivos e onde, ao mesmo tempo, se explora a mão-de-obra barata e sem direitos e o trabalho infantil.
É uma das diversas más consequências de uma globalização que, nestes casos, não beneficia ninguém, sobretudo aqueles que se prestam a aceitar assumir mais directamente os riscos dos desmandos para os quais a ganância impele.
Ao comprar estes produtos somos coniventes com estes abusos contra a Terra e contra a Humanidade que ninguém parece estar disposto a enfrentar.
São vestígios de químicos usados como detergentes em processos industriais, especialmente na produção de têxteis naturais e sintéticos.
Para além dos efeitos directos resultantes do uso das peças de vestuário contaminadas, o lançamento dos detergentes no meio natural, directamente ou através de sistemas de esgotos, dá origem a toxinas muito activas.
A facilidade de utilização destes químicos perigosos para a saúde humana e para o ambiente, é uma das razões pelas quais se deslocalizaram indústrias para países permissivos e onde, ao mesmo tempo, se explora a mão-de-obra barata e sem direitos e o trabalho infantil.
É uma das diversas más consequências de uma globalização que, nestes casos, não beneficia ninguém, sobretudo aqueles que se prestam a aceitar assumir mais directamente os riscos dos desmandos para os quais a ganância impele.
Ao comprar estes produtos somos coniventes com estes abusos contra a Terra e contra a Humanidade que ninguém parece estar disposto a enfrentar.
UM CONCELHO COM FUTURO OU UM “TRÁS-DE-SERRA” IGNORADO?
(Publicado no nº de Agosto do Notícias de Manteigas
Reduzir despesas é uma imposição da debilidade das finanças nacionais, sendo a “limpeza das gorduras do Estado” uma das parcelas da redução a fazer.
Já diminuído o número de ministros, desejada a redução do número de deputados e estando em mira a extinção de muitas entidades públicas, é inevitável que alterações ocorram, também, nas autarquias locais. A eliminação de mil a mil e quinhentas Freguesias deve ser o primeiro passo. No que respeita a Concelhos, como o “acordo de ajuda financeira” também exige, ficará para decidir mais tarde.
Muitos pequenos Concelhos do “interior” poderão, pois, ser extintos, o que, a acontecer sem uma reestruturação administrativa global, seria uma solução igual a tantas outras que já por aí se adotaram, grosseira, simplista, impensada, arbitrária e perigosa porque ignora as exigências básicas do desenvolvimento equilibrado, como Portugal não tem, e do aproveitamento benéfico e integral de recursos, como Portugal não faz. Por isso é pobre!
Para justificar o subdesenvolvimento de muitas regiões, põe-se a culpa na “interioridade”, o que não passa de um sofisma que encobre a incapacidade de administrar integralmente o território nacional, consequência de uma visão míope e egoísta que pouco alcança para além das regiões de Lisboa e do Porto e, por arrastamento, do estreito corredor que medeia.
Não faz sentido que num país geograficamente pouco extenso, com a forma de retângulo alongado paralelo ao mar, se considerem “interiores” regiões com uma distância média ao litoral de pouco mais de uma centena e meia de quilómetros. É uma aberração que resulta de um centralismo exacerbado do qual, desde sempre, o poder central não quis abrir mão.
O despovoamento do “interior” que o priva do seu mais valioso recurso, o humano, é consequência inevitável de economias regionais débeis que o poder central descuida e as autarquias locais, sem capacidade financeira e sem competências políticas bastantes, não conseguem desenvolver em conformidade com as potencialidades dos respectivos territórios. As desigualdades regionais resultantes são causa de mais migrações, o que, progressivamente, acentua os desequilíbrios, deixando recursos inaproveitados por falta de meios humanos, de condições financeiras e de competência política. Um empobrecedor ciclo vicioso de que há muito tempo nos damos conta!
Algumas foram já as iniciativas de organização administrativa territorial do país, a última das quais, para além dos “distritos”, criou as “províncias” cujos nomes, do Minho ao Algarve, conseguiram afirmar-se sem que, no entanto, lhes correspondam quaisquer funções ou efeitos administrativos.
Mais do que os distritos, onde um Governador Civil tinha um conjunto restrito de funções burocráticas por delegação de competências do poder central, os municípios têm competências próprias mas limitadas que muito dificilmente os reduzidos peso económico e dimensão geográfica permitirão acrescentar. Apesar disso, são as autarquias que promovem o desenvolvimento local na medida ao seu alcance e pugnam pelos interesses das suas populações, sem o que, para além dos maiores centros urbanos, o desinteresse seria o denominador comum.
Porque os distritos e as províncias são inutilidades administrativas, há uma desmedida lacuna de poder entre a administração central e as centenas de administrações municipais que as “associações de municípios” não conseguem preencher, a qual desprotege os interesses locais e faz desleixar tarefas importantes que competências autárquicas regionais, mais amplas e mais estáveis, deveriam realizar, bem como fariam prevalecer interesses e direitos regionais e locais que agora ninguém tem força para defender e, menos ainda, para impor.
Na árdua batalha para a recuperação, não serão atos de simples poupança que nos farão ser bem sucedidos. Evitar desperdícios, reconhecer, aproveitar e valorizar os recursos disponíveis e potenciais, onde quer que estejam, são o complemento indispensável à criação de riqueza, porém impossível sem uma administração eficaz de todo o território. Não o sendo a que Portugal possui, como o provam os desequilíbrios profundos que gerou, haverá que alterá-la com inteligência e ponderação, o que não será o resultado que se alcança com ações discricionárias que eliminem Concelhos e Freguesias sem outras razões para além da poupança de recursos financeiros insignificantes perante a enormidade do problema que o país enfrenta.
Portugal possui uma enorme riqueza na sua diversidade territorial, a qual justifica um nível administrativo de proximidade como o que corresponde aos concelhos e às juntas de freguesia. Porém, como é fácil de verificar, os limites destas autarquias, tal como os dos distritos e das províncias, não foram estabelecidos segundo critérios de ordenamento do território que visassem a criação de espaços estruturáveis, o aproveitamento racional dos recursos naturais próprios, a constituição de pólos de atracão social e económica e o desenvolvimento harmonioso do país. Daí que tal facto, aliado às insuficientes competências das Autarquias Locais, não permita os resultados que administrações mais competentes alcançariam.
É natural, pois, que a racionalização da administração autárquica seja uma medida necessária ao desenvolvimento económico do país, sobretudo através da melhor definição das áreas de intervenção, dos objectivos e das competências, propósito que se não atinge sem um estudo profundo que abranja todos os aspectos que para ela concorram. Mais uma razão para que se não façam “amputações” e “ajustamentos” arbitrários que, por certo, seriam contraproducentes.
O Concelho de Manteigas é, quanto aos seus limites geográficos, uma área administrativa truncada. O que, para fazer sentido como região homogénea, deveria corresponder à totalidade do troço Superior do Rio Zêzere, não ia, até há bem pouco tempo, além de Sameiro. Alargou-se a Vale de Amoreira, mas ainda ficaram de fora Famalicão, Valhelhas, Verdelhos e Sarzedo que, embora fazendo parte do mesmo espaço, a Bacia Hidrográfica do Alto Zêzere, apenas dão mais área aos já extensos Concelhos da Guarda e da Covilhã, sem que de tal retirem as vantagens que uma administração conjunta com outras áreas afins lhes poderia proporcionar. Redimensionado e com mais adequados planos de gestão, o Concelho de Manteigas teria condições para se desenvolver e se repovoar. De outro modo, a um território confinado e com características singulares apenas lhe restará estiolar ou ser anexado a outro espaço administrativo com características, perspectivas de desenvolvimento e recursos dominantes bem distintos, tornando-se num “trás-de-serra” escondido, ignorado e definhante, em vez de um local de excelência em que uma boa administração certamente o tornaria. Por vezes, mais não será necessário do que de alguma imaginação para transformar em riqueza tantas das coisas que possui, incluído o próprio isolamento que o protege de um mundo menos tranquilo, mais degradado e exaurido. Esta é uma característica cada vez mais rara, por isso cada vez mais valiosa que seria lamentável continuar a desperdiçar.
Do ponto de vista de um ordenamento do território inteligente e, consequentemente, de criação de condições de desenvolvimento económico e social, nada justifica o desaparecimento do Concelho de Manteigas. Pelo contrário, a sua continuidade em condições de aproveitamento das potencialidades da região única que é, evitará que fique abandonada ou seja explorada na medida de interesses bem distintos dos que os seus recursos e as suas caraterísticas justificariam. O que seria mais um erro gritante no aproveitamento dos recursos locais e nacionais!
Mas tenho pouca esperança na sensatez que melhore as condições administrativas do país e, com isso, o seu desenvolvimento harmonioso sem a “regionalização” racional de que carece. Ao contrário, posso imaginar enormes bocarras que já salivam na perspetiva de “ferrar” um território pelo qual os seus naturais pouco têm pugnado como aconteceu, por exemplo, relativamente aos interesses na zona termal das Caldas, no turismo da Serra da Estrela e no “Parque Natural da Serra da Estrela” do qual, pasme-se, Manteigas foi feita sede sem o ser!!!
Vão os manteiguenses continuar a não agarrar o futuro, a ver o seu Concelho mirrar, a não fazer respeitar os seus direitos, a permitir que sejam estropiados os interesses que são seus, a demitir-se das responsabilidades que lhes competem no desenvolvimento da sua região?
Quando, se alguma vez, Manteigas compreenderá que o seu futuro se alcança trilhando caminhos bem distintos dos que outros concelhos percorrem? Parece-me ser bem o contrário do que tem sido feito.
Quando entenderá Portugal que as assimetrias regionais são a prova e a causa da sua fraqueza económica, pelo que é urgentíssimo corrigi-las?
Rui de Carvalho
30 junho 2011
Nota: Escrito antes do XIX Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses cujas conclusões aconselharia a ler.
Reduzir despesas é uma imposição da debilidade das finanças nacionais, sendo a “limpeza das gorduras do Estado” uma das parcelas da redução a fazer.
Já diminuído o número de ministros, desejada a redução do número de deputados e estando em mira a extinção de muitas entidades públicas, é inevitável que alterações ocorram, também, nas autarquias locais. A eliminação de mil a mil e quinhentas Freguesias deve ser o primeiro passo. No que respeita a Concelhos, como o “acordo de ajuda financeira” também exige, ficará para decidir mais tarde.
Muitos pequenos Concelhos do “interior” poderão, pois, ser extintos, o que, a acontecer sem uma reestruturação administrativa global, seria uma solução igual a tantas outras que já por aí se adotaram, grosseira, simplista, impensada, arbitrária e perigosa porque ignora as exigências básicas do desenvolvimento equilibrado, como Portugal não tem, e do aproveitamento benéfico e integral de recursos, como Portugal não faz. Por isso é pobre!
Para justificar o subdesenvolvimento de muitas regiões, põe-se a culpa na “interioridade”, o que não passa de um sofisma que encobre a incapacidade de administrar integralmente o território nacional, consequência de uma visão míope e egoísta que pouco alcança para além das regiões de Lisboa e do Porto e, por arrastamento, do estreito corredor que medeia.
Não faz sentido que num país geograficamente pouco extenso, com a forma de retângulo alongado paralelo ao mar, se considerem “interiores” regiões com uma distância média ao litoral de pouco mais de uma centena e meia de quilómetros. É uma aberração que resulta de um centralismo exacerbado do qual, desde sempre, o poder central não quis abrir mão.
O despovoamento do “interior” que o priva do seu mais valioso recurso, o humano, é consequência inevitável de economias regionais débeis que o poder central descuida e as autarquias locais, sem capacidade financeira e sem competências políticas bastantes, não conseguem desenvolver em conformidade com as potencialidades dos respectivos territórios. As desigualdades regionais resultantes são causa de mais migrações, o que, progressivamente, acentua os desequilíbrios, deixando recursos inaproveitados por falta de meios humanos, de condições financeiras e de competência política. Um empobrecedor ciclo vicioso de que há muito tempo nos damos conta!
Algumas foram já as iniciativas de organização administrativa territorial do país, a última das quais, para além dos “distritos”, criou as “províncias” cujos nomes, do Minho ao Algarve, conseguiram afirmar-se sem que, no entanto, lhes correspondam quaisquer funções ou efeitos administrativos.
Mais do que os distritos, onde um Governador Civil tinha um conjunto restrito de funções burocráticas por delegação de competências do poder central, os municípios têm competências próprias mas limitadas que muito dificilmente os reduzidos peso económico e dimensão geográfica permitirão acrescentar. Apesar disso, são as autarquias que promovem o desenvolvimento local na medida ao seu alcance e pugnam pelos interesses das suas populações, sem o que, para além dos maiores centros urbanos, o desinteresse seria o denominador comum.
Porque os distritos e as províncias são inutilidades administrativas, há uma desmedida lacuna de poder entre a administração central e as centenas de administrações municipais que as “associações de municípios” não conseguem preencher, a qual desprotege os interesses locais e faz desleixar tarefas importantes que competências autárquicas regionais, mais amplas e mais estáveis, deveriam realizar, bem como fariam prevalecer interesses e direitos regionais e locais que agora ninguém tem força para defender e, menos ainda, para impor.
Na árdua batalha para a recuperação, não serão atos de simples poupança que nos farão ser bem sucedidos. Evitar desperdícios, reconhecer, aproveitar e valorizar os recursos disponíveis e potenciais, onde quer que estejam, são o complemento indispensável à criação de riqueza, porém impossível sem uma administração eficaz de todo o território. Não o sendo a que Portugal possui, como o provam os desequilíbrios profundos que gerou, haverá que alterá-la com inteligência e ponderação, o que não será o resultado que se alcança com ações discricionárias que eliminem Concelhos e Freguesias sem outras razões para além da poupança de recursos financeiros insignificantes perante a enormidade do problema que o país enfrenta.
Portugal possui uma enorme riqueza na sua diversidade territorial, a qual justifica um nível administrativo de proximidade como o que corresponde aos concelhos e às juntas de freguesia. Porém, como é fácil de verificar, os limites destas autarquias, tal como os dos distritos e das províncias, não foram estabelecidos segundo critérios de ordenamento do território que visassem a criação de espaços estruturáveis, o aproveitamento racional dos recursos naturais próprios, a constituição de pólos de atracão social e económica e o desenvolvimento harmonioso do país. Daí que tal facto, aliado às insuficientes competências das Autarquias Locais, não permita os resultados que administrações mais competentes alcançariam.
É natural, pois, que a racionalização da administração autárquica seja uma medida necessária ao desenvolvimento económico do país, sobretudo através da melhor definição das áreas de intervenção, dos objectivos e das competências, propósito que se não atinge sem um estudo profundo que abranja todos os aspectos que para ela concorram. Mais uma razão para que se não façam “amputações” e “ajustamentos” arbitrários que, por certo, seriam contraproducentes.
O Concelho de Manteigas é, quanto aos seus limites geográficos, uma área administrativa truncada. O que, para fazer sentido como região homogénea, deveria corresponder à totalidade do troço Superior do Rio Zêzere, não ia, até há bem pouco tempo, além de Sameiro. Alargou-se a Vale de Amoreira, mas ainda ficaram de fora Famalicão, Valhelhas, Verdelhos e Sarzedo que, embora fazendo parte do mesmo espaço, a Bacia Hidrográfica do Alto Zêzere, apenas dão mais área aos já extensos Concelhos da Guarda e da Covilhã, sem que de tal retirem as vantagens que uma administração conjunta com outras áreas afins lhes poderia proporcionar. Redimensionado e com mais adequados planos de gestão, o Concelho de Manteigas teria condições para se desenvolver e se repovoar. De outro modo, a um território confinado e com características singulares apenas lhe restará estiolar ou ser anexado a outro espaço administrativo com características, perspectivas de desenvolvimento e recursos dominantes bem distintos, tornando-se num “trás-de-serra” escondido, ignorado e definhante, em vez de um local de excelência em que uma boa administração certamente o tornaria. Por vezes, mais não será necessário do que de alguma imaginação para transformar em riqueza tantas das coisas que possui, incluído o próprio isolamento que o protege de um mundo menos tranquilo, mais degradado e exaurido. Esta é uma característica cada vez mais rara, por isso cada vez mais valiosa que seria lamentável continuar a desperdiçar.
Do ponto de vista de um ordenamento do território inteligente e, consequentemente, de criação de condições de desenvolvimento económico e social, nada justifica o desaparecimento do Concelho de Manteigas. Pelo contrário, a sua continuidade em condições de aproveitamento das potencialidades da região única que é, evitará que fique abandonada ou seja explorada na medida de interesses bem distintos dos que os seus recursos e as suas caraterísticas justificariam. O que seria mais um erro gritante no aproveitamento dos recursos locais e nacionais!
Mas tenho pouca esperança na sensatez que melhore as condições administrativas do país e, com isso, o seu desenvolvimento harmonioso sem a “regionalização” racional de que carece. Ao contrário, posso imaginar enormes bocarras que já salivam na perspetiva de “ferrar” um território pelo qual os seus naturais pouco têm pugnado como aconteceu, por exemplo, relativamente aos interesses na zona termal das Caldas, no turismo da Serra da Estrela e no “Parque Natural da Serra da Estrela” do qual, pasme-se, Manteigas foi feita sede sem o ser!!!
Vão os manteiguenses continuar a não agarrar o futuro, a ver o seu Concelho mirrar, a não fazer respeitar os seus direitos, a permitir que sejam estropiados os interesses que são seus, a demitir-se das responsabilidades que lhes competem no desenvolvimento da sua região?
Quando, se alguma vez, Manteigas compreenderá que o seu futuro se alcança trilhando caminhos bem distintos dos que outros concelhos percorrem? Parece-me ser bem o contrário do que tem sido feito.
Quando entenderá Portugal que as assimetrias regionais são a prova e a causa da sua fraqueza económica, pelo que é urgentíssimo corrigi-las?
Rui de Carvalho
30 junho 2011
Nota: Escrito antes do XIX Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses cujas conclusões aconselharia a ler.
domingo, 21 de agosto de 2011
A GERAÇÃO DA CORAGEM!
Segui de perto a selecção nacional de futebol na fase final do Campeonato do Mundo de sub 20 e tive pena de ter sido na final que o excelente guarda-redes que é o Mika teve a sua pior noite. Depois de ter conseguido manter inviolada a baliza portuguesa, sofreu três golos, dois por manifesta falta de sorte.
Aqueles jogadores merecem bem ser chamados a geração da coragem, tão bravamente lutaram pela vitória que apenas por pouca sorte lhes fugiu!
Observei uma excelente equipa, coisa que nem todos os jogadores, por melhores que sejam, conseguem formar. Apreciei excelentes jogadores, com boa técnica e muita vontade de vencer. Pude ver o que muito poucas vezes por cá se vê, uma equipa que sabe jogar como tal, com espírito de entreajuda.
Por tudo isto não pude deixar de pensar no futuro destes abnegados jovens. Quais serão os clubes que os vão querer nas suas equipas principais? Que dirigentes desportivos, dentre aqueles que contratam o rebotalho de outras “ligas” como se de craques se tratasse, os vão querer?
Admirei o que aqueles jovens fizeram, por isso lhes desejo a boa sorte que, cá pelo beco, talvez não alcancem.
Perdemos com o campeoníssimo Brasil que, por duas vezes, já havíamos derrotado na disputa deste título. Perdemos o tri-cameponato mundial mas ganhámos a consciência de ter um maravilhoso grupo de jogadores que, quem sabe se por isso, talvez tenham de emigrar.
Aqueles jogadores merecem bem ser chamados a geração da coragem, tão bravamente lutaram pela vitória que apenas por pouca sorte lhes fugiu!
Observei uma excelente equipa, coisa que nem todos os jogadores, por melhores que sejam, conseguem formar. Apreciei excelentes jogadores, com boa técnica e muita vontade de vencer. Pude ver o que muito poucas vezes por cá se vê, uma equipa que sabe jogar como tal, com espírito de entreajuda.
Por tudo isto não pude deixar de pensar no futuro destes abnegados jovens. Quais serão os clubes que os vão querer nas suas equipas principais? Que dirigentes desportivos, dentre aqueles que contratam o rebotalho de outras “ligas” como se de craques se tratasse, os vão querer?
Admirei o que aqueles jovens fizeram, por isso lhes desejo a boa sorte que, cá pelo beco, talvez não alcancem.
Perdemos com o campeoníssimo Brasil que, por duas vezes, já havíamos derrotado na disputa deste título. Perdemos o tri-cameponato mundial mas ganhámos a consciência de ter um maravilhoso grupo de jogadores que, quem sabe se por isso, talvez tenham de emigrar.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
A CADA CAVADELA... MINHOCAS!
Os ministros das economias portuguesa e espanhola marcaram um encontro em Madrid no qual o governo português anunciaria ao espanhol a sua desistência, por enquanto, da ligação Lisboa-Madrid em TGV, pela simples razão de não haver dinheiro para a construir no prazo previsto.
Curiosamente, na véspera do encontro marcado, o governo espanhol aprova, em Concelho de Ministros, a construção da linha de TGV até ao Caia, o lugar onde o troço português deverá ligar.
Mais curioso ainda é que, depois da reunião entre os ministros, posterior à decisão do governo espanhol, o ministro português da economia, Álvaro Santos Pereira, comunica que, afinal, a decisão do governo português sobre o TGV será tomada em Setembro.
Nestes casos, da transparência prometida pelo governo fica uma enorme confusão pois, depois das notícias sobre a intenção da deslocação do ministro Santos Pereira a Madrid para declarar a incapacidade financeira de Portugal para construir a sua parte e de tanto PSD como CDS se terem pronunciado publicamente sobre quão ruinosa seria a construção desta linha, as declarações de Santos Pereira são estranhas e, a menos que novos e muito relevantes factos se revelem, não vejo como pedir aos contribuintes mais um sacrifício de muitas centenas de milhões de euros!
Continua mini este super-ministro!
Curiosamente, na véspera do encontro marcado, o governo espanhol aprova, em Concelho de Ministros, a construção da linha de TGV até ao Caia, o lugar onde o troço português deverá ligar.
Mais curioso ainda é que, depois da reunião entre os ministros, posterior à decisão do governo espanhol, o ministro português da economia, Álvaro Santos Pereira, comunica que, afinal, a decisão do governo português sobre o TGV será tomada em Setembro.
Nestes casos, da transparência prometida pelo governo fica uma enorme confusão pois, depois das notícias sobre a intenção da deslocação do ministro Santos Pereira a Madrid para declarar a incapacidade financeira de Portugal para construir a sua parte e de tanto PSD como CDS se terem pronunciado publicamente sobre quão ruinosa seria a construção desta linha, as declarações de Santos Pereira são estranhas e, a menos que novos e muito relevantes factos se revelem, não vejo como pedir aos contribuintes mais um sacrifício de muitas centenas de milhões de euros!
Continua mini este super-ministro!
terça-feira, 16 de agosto de 2011
A UNIÃO FAZ A FORÇA... OU TALVEZ NÃO?
Estará a Alemanha convencida de que sobreviverá sozinha ao naufrágio desta economia europeia que vai de mal a pior? Uma economia cujos resultados demonstram estar cada vez mais enfraquecida e não pode esperar apoio da economia americana, ela também pelas ruas da amargura!
A Alemanha parece ter esquecido as lições de um passado, ainda não tão distante assim, que lhe fez engolir a arrogância de se julgar superior e capaz de, sozinha, dominar o mundo.
A Srª Merkel e o seu ministro das finanças desconhecem o valor da “união”, a grandeza da força que pode gerar para vencer adversidades. Por isso a desprezam.
Também me não parece que mereçam elogios os outros países europeus que nada fazem para alterar esta situação de subalternidade que os alemães gerem, ao que pensam, a seu bel-prazer.
Pois parece-me chegada a hora de a Europa, em sua maioria, fazer sentir a sua força e encontrar e impor as soluções imediatas que as circunstâncias requerem.
Não faz qualquer sentido que se continue assim, numa via que faz temer os piores resultados, como o demonstram os abrandamentos generalizados das economias, a alemã incluída!
Pese a minha convicção de estar esta organização sócio-económica condenada a um fracasso total que se aproxima a passos largos, isso não significa que deixemos as coisas evoluirem de modo catastrófico, descontrolado. Por isso, há que trabalhar para uma transição que seja o menos dolorosa possível.
Se a Alemanha quiser ficar só... pois que fique, mas os outros não terão de se deixar afundar com ela!
A Alemanha parece ter esquecido as lições de um passado, ainda não tão distante assim, que lhe fez engolir a arrogância de se julgar superior e capaz de, sozinha, dominar o mundo.
A Srª Merkel e o seu ministro das finanças desconhecem o valor da “união”, a grandeza da força que pode gerar para vencer adversidades. Por isso a desprezam.
Também me não parece que mereçam elogios os outros países europeus que nada fazem para alterar esta situação de subalternidade que os alemães gerem, ao que pensam, a seu bel-prazer.
Pois parece-me chegada a hora de a Europa, em sua maioria, fazer sentir a sua força e encontrar e impor as soluções imediatas que as circunstâncias requerem.
Não faz qualquer sentido que se continue assim, numa via que faz temer os piores resultados, como o demonstram os abrandamentos generalizados das economias, a alemã incluída!
Pese a minha convicção de estar esta organização sócio-económica condenada a um fracasso total que se aproxima a passos largos, isso não significa que deixemos as coisas evoluirem de modo catastrófico, descontrolado. Por isso, há que trabalhar para uma transição que seja o menos dolorosa possível.
Se a Alemanha quiser ficar só... pois que fique, mas os outros não terão de se deixar afundar com ela!
domingo, 14 de agosto de 2011
BANCO MUNDIAL PRENUNCIA FALÊNCIA GLOBAL
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, advertiu para uma nova crise mundial que se aproxima, bem mais grave e diferente da de 2008!
Eu diria que se não trata de uma nova crise mas de uma recaída da actual que nunca chegou a ser bem curada. E, como é norma, as recaídas são bem mais perigosas.
Perante o falhanço dos “remédios” utilizados pois, como diz Zoellick, apesar de a maioria dos países ter já utilizado todas as “políticas fiscais e monetárias de modo tão flexível quanto possível", os resultados foram insuficientes, pelo que deverá ser adotado um regime mais rigoroso. É uma afirmação que soa a desespero!
Continuam os economistas a não entender a realidade que é bem diferente da dos pressupostos em quem a “sua ciência” se baseia.
Louvo a imaginação e a criatividade mas, por formação e por experiência, limito-as à possibilidade de as concretizar, pois não adianta lutar contra forças que nos excedem nem iludir as leis que um poder mais forte ditou.
Mesmo antes da revolução industrial, quando a actividade económica era apenas primária, Adam Smith e outros sabiam que o crescimento não poderia ser indefinidamente continuado. Dos três “factores de produção”, a terra, o trabalho e o capital, poderão os últimos crescer quanto quisermos mas a terra é, definitivamente, finita. Hoje a terra continua a sê-lo, tal como o são todos os recursos que contém e nos permite utilizar, o que fazemos a um ritmo tão acelerado que rapidamente nos conduzirá à penúria, apesar da sensação de capacidade de superação de todos os problemas em que a evolução tecnológica falsamente nos fez acreditar.
Para além disto, do “crescimento” resultaram problemas ambientais enormes e graves que, por insuficiência energética, não há tratamento ou reciclagem que resolva.
Excedemos os nossos créditos de recursos e conspurcámos o ambiente de que necessitamos para viver. Como resultado, estamos na falência e cada vez mais submersos em montanhas de lixo!
A propósito: se a crise de que Zoellick fala é mundial, quem nos irá ajudar a sair dela?
Eu diria que se não trata de uma nova crise mas de uma recaída da actual que nunca chegou a ser bem curada. E, como é norma, as recaídas são bem mais perigosas.
Perante o falhanço dos “remédios” utilizados pois, como diz Zoellick, apesar de a maioria dos países ter já utilizado todas as “políticas fiscais e monetárias de modo tão flexível quanto possível", os resultados foram insuficientes, pelo que deverá ser adotado um regime mais rigoroso. É uma afirmação que soa a desespero!
Continuam os economistas a não entender a realidade que é bem diferente da dos pressupostos em quem a “sua ciência” se baseia.
Louvo a imaginação e a criatividade mas, por formação e por experiência, limito-as à possibilidade de as concretizar, pois não adianta lutar contra forças que nos excedem nem iludir as leis que um poder mais forte ditou.
Mesmo antes da revolução industrial, quando a actividade económica era apenas primária, Adam Smith e outros sabiam que o crescimento não poderia ser indefinidamente continuado. Dos três “factores de produção”, a terra, o trabalho e o capital, poderão os últimos crescer quanto quisermos mas a terra é, definitivamente, finita. Hoje a terra continua a sê-lo, tal como o são todos os recursos que contém e nos permite utilizar, o que fazemos a um ritmo tão acelerado que rapidamente nos conduzirá à penúria, apesar da sensação de capacidade de superação de todos os problemas em que a evolução tecnológica falsamente nos fez acreditar.
Para além disto, do “crescimento” resultaram problemas ambientais enormes e graves que, por insuficiência energética, não há tratamento ou reciclagem que resolva.
Excedemos os nossos créditos de recursos e conspurcámos o ambiente de que necessitamos para viver. Como resultado, estamos na falência e cada vez mais submersos em montanhas de lixo!
A propósito: se a crise de que Zoellick fala é mundial, quem nos irá ajudar a sair dela?
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
“VEMOS, OUVIMOS E LEMOS” MAS...
É difícil entender os caminhos que trilhamos. Apenas deduzimos que a situação é pior do que o suposto, num valor colossal ou num valor simplesmente esperado. Seja o valor qual for, é natural esperar que o “castigo” pelos disparates que fizemos na vida de lordes que vivemos sem ter os meios necessários para a viver, será bem mais duro do que o esperado.
Foi-se metade do “subsídio de natal”, aumentou excessivamente o custo dos transportes, aumentam o gás e a electricidade para valores que porão alguns à luz de velas e todos a fazer prodígios de economia, aumentará o IVA intermédio que tornará mais cara a alimentação...
“Vemos, ouvimos e lemos” mas não entendemos porque o não entendem, também, os especialistas deste embuste que não é capaz de equilibrar as condições de vida porque baseia o bem-estar no pressuposto irrealista de um crescimento contínuo que já Adam Smith, o pai da moderna economia, sabia ser impossível.
Para o provar, anuncia-se uma crise generalizada da qual ninguém no mundo escapará, como o demonstram as evoluções das “economias emergentes” que, em vez do forte crescimento esperado, parecem a caminho da estagnação! Depois se verá.
Se, como o povo egoistamente diz, o mal de muitos é conforto, como o poderá ser o mal de todos? Quem ajudará quem?
Afinal, os sacrifícios vão servir para que? Qual a expectativa que nos dará alento para os suportar? Que voltaremos à “boa vida” que tínhamos ou que os “economistas” vão rever as suas teorias em função da realidade que nunca entenderam desde a criação do aborto que é o “homo economicus” no qual, naturalmente, ninguém parece rever-se.
Nesta ciência que não passa de uma “manta curta” como as que, em noites de borrasca, se tapam os pés descobrem os ombros, apenas houve soluções enquanto os recursos superabundavam. Agora que são escassos, os velhos remédios não funcionam e cada um que se aplica parece ter efeitos colaterais mais graves do que a doença que pretende curar!
Foi-se metade do “subsídio de natal”, aumentou excessivamente o custo dos transportes, aumentam o gás e a electricidade para valores que porão alguns à luz de velas e todos a fazer prodígios de economia, aumentará o IVA intermédio que tornará mais cara a alimentação...
“Vemos, ouvimos e lemos” mas não entendemos porque o não entendem, também, os especialistas deste embuste que não é capaz de equilibrar as condições de vida porque baseia o bem-estar no pressuposto irrealista de um crescimento contínuo que já Adam Smith, o pai da moderna economia, sabia ser impossível.
Para o provar, anuncia-se uma crise generalizada da qual ninguém no mundo escapará, como o demonstram as evoluções das “economias emergentes” que, em vez do forte crescimento esperado, parecem a caminho da estagnação! Depois se verá.
Se, como o povo egoistamente diz, o mal de muitos é conforto, como o poderá ser o mal de todos? Quem ajudará quem?
Afinal, os sacrifícios vão servir para que? Qual a expectativa que nos dará alento para os suportar? Que voltaremos à “boa vida” que tínhamos ou que os “economistas” vão rever as suas teorias em função da realidade que nunca entenderam desde a criação do aborto que é o “homo economicus” no qual, naturalmente, ninguém parece rever-se.
Nesta ciência que não passa de uma “manta curta” como as que, em noites de borrasca, se tapam os pés descobrem os ombros, apenas houve soluções enquanto os recursos superabundavam. Agora que são escassos, os velhos remédios não funcionam e cada um que se aplica parece ter efeitos colaterais mais graves do que a doença que pretende curar!
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
AS VIRTUDES DA DESGRAÇA
Imaginemos que, por uma magia qualquer, todos passávamos a ser não perdulários e a ser bons condutores. Estas são duas virtudes que, por certo, nenhuma sociedade deixará de reconhecer como fazendo parte de um conjunto que tornaria o futuro melhor. Pouparíamos muito e evitaríamos muitas desgraças.
Imaginemos, porém, o que poderia suceder se tal acontecesse, mesmo sem a preocupação de sermos exaustivos nesta análise.
Um perdulário troca de carro frequentemente, usa-o por tudo e por nada, assim contribuindo para que o negócio de combustíveis e de viaturas prospere e, consequentemente, a economia cresça. É do que a economia necessita!
Um mau condutor não cumpre as regras de segurança e provoca acidentes que causam danos pessoais e materiais. Contribui para dar muito trabalho a reboques, a oficinas de mecânica, a bate-chapas e pintores, electricistas, eu sei lá. Por tudo isto faz crescer a economia! É, pois, alguém que a economia deve prezar!
Pelo contrário, um não perdulário estima o que possui, o que lhe pode causar aquela quase esquecida sensação de afecto que antigamente uma menina sentia pela sua primeira boneca. Não trocará de carro de dois em dois ou três em três anos, mantém a viatura em bom estado e conservá-la-á por vários anos. Fácil será concluir que gente assim só prejudica a economia. Fá-la estagnar, senão mesmo regredir!
O bom condutor evita acidentes e economiza combustível, pelo que tira trabalho a muita gente que reboca os carros acidentados, lhes repara a mecânica, os desempana e endireita, os repinta, etc, etc…, faz falir empresas, cria desemprego e reduz os fabulosos lucros que o Estado e as gasolineiras se habituaram a ter. É um desastre para a economia!
Afinal, não ser perdulário e ser bom condutor são estimáveis virtudes que poderiam contribuir para um futuro melhor ou não passam de "execráveis" defeitos porque prejudicam a ECONOMIA?
Imaginemos, porém, o que poderia suceder se tal acontecesse, mesmo sem a preocupação de sermos exaustivos nesta análise.
Um perdulário troca de carro frequentemente, usa-o por tudo e por nada, assim contribuindo para que o negócio de combustíveis e de viaturas prospere e, consequentemente, a economia cresça. É do que a economia necessita!
Um mau condutor não cumpre as regras de segurança e provoca acidentes que causam danos pessoais e materiais. Contribui para dar muito trabalho a reboques, a oficinas de mecânica, a bate-chapas e pintores, electricistas, eu sei lá. Por tudo isto faz crescer a economia! É, pois, alguém que a economia deve prezar!
Pelo contrário, um não perdulário estima o que possui, o que lhe pode causar aquela quase esquecida sensação de afecto que antigamente uma menina sentia pela sua primeira boneca. Não trocará de carro de dois em dois ou três em três anos, mantém a viatura em bom estado e conservá-la-á por vários anos. Fácil será concluir que gente assim só prejudica a economia. Fá-la estagnar, senão mesmo regredir!
O bom condutor evita acidentes e economiza combustível, pelo que tira trabalho a muita gente que reboca os carros acidentados, lhes repara a mecânica, os desempana e endireita, os repinta, etc, etc…, faz falir empresas, cria desemprego e reduz os fabulosos lucros que o Estado e as gasolineiras se habituaram a ter. É um desastre para a economia!
Afinal, não ser perdulário e ser bom condutor são estimáveis virtudes que poderiam contribuir para um futuro melhor ou não passam de "execráveis" defeitos porque prejudicam a ECONOMIA?
UMA ÁRVORE NÃO FAZ A FLORESTA E QUEM SE ESQUECE DOS SEUS ERROS ESTÁ CONDENADO A REPETI-LOS!
Porque ter dito que não gostei de uma atitude de um governante, a que elevou excessivamente os custos dos transportes, não significa que considere que tudo o que o governo tem feito tem sido mau. Na realidade, o ministério da economia tem sido a minha decepção! E se uma árvore não faz a floresta… esperemos que as restantes dêem bons frutos.
Quando se entenderá que a preocupação de um governo deve ser o bem-estar dos cidadãos em vez de privilegiar os parâmetros económicos? Tal como o ministro da economia deveria ter entendido que deveria trocar as pessoas erradas pelas pessoas certas para recuperar as empresas em vez de lhas dar mais dinheiro.
Em vez de referir apenas o aumento do custo dos transportes, melhor diria, talvez, se afirmasse que não tenho gostado de nada porque não seria nestas condições que desejava ver governado o meu país. Mas os erros estão feitos, o governo foi gastador e muita muita gente também.
O governo tem de cumprir as regras do FMI e da UE se quiser ter dinheiro para honrar os seus compromissos e os particulares terão de se conformar com outras regras que são as das entidades que lhes emprestaram dinheiro e as leis do país.
Custa é saber que, como informa a DECO, as famílias sobreendividades pedem ajuda à razão de três em cada hora que passa! É uma loucura que não augura nada de bom durante os próximos muitos anos, a menos que nos convençamos que continuar com as regras de uma “economia” que faliu será um enorme disparate que mais aprofundará a falência de um sistema social que, a continuar por esta via, não terá futuro.
Mesmo admitindo que a economia poderia continuar a crescer indefinidamente, o que não pode, seriam necessários mais de dez anos para recuperar Portugal deste cataclismo económico e social. Assim, será o caos que se instalará e nos obrigará, por força das circunstâncias, a tomar juízo! Tarde e a más horas, infelizmente!
Quando se entenderá que a preocupação de um governo deve ser o bem-estar dos cidadãos em vez de privilegiar os parâmetros económicos? Tal como o ministro da economia deveria ter entendido que deveria trocar as pessoas erradas pelas pessoas certas para recuperar as empresas em vez de lhas dar mais dinheiro.
Em vez de referir apenas o aumento do custo dos transportes, melhor diria, talvez, se afirmasse que não tenho gostado de nada porque não seria nestas condições que desejava ver governado o meu país. Mas os erros estão feitos, o governo foi gastador e muita muita gente também.
O governo tem de cumprir as regras do FMI e da UE se quiser ter dinheiro para honrar os seus compromissos e os particulares terão de se conformar com outras regras que são as das entidades que lhes emprestaram dinheiro e as leis do país.
Custa é saber que, como informa a DECO, as famílias sobreendividades pedem ajuda à razão de três em cada hora que passa! É uma loucura que não augura nada de bom durante os próximos muitos anos, a menos que nos convençamos que continuar com as regras de uma “economia” que faliu será um enorme disparate que mais aprofundará a falência de um sistema social que, a continuar por esta via, não terá futuro.
Mesmo admitindo que a economia poderia continuar a crescer indefinidamente, o que não pode, seriam necessários mais de dez anos para recuperar Portugal deste cataclismo económico e social. Assim, será o caos que se instalará e nos obrigará, por força das circunstâncias, a tomar juízo! Tarde e a más horas, infelizmente!
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
MORRER DO MAL OU DA CURA?
Este aumento no custo dos transportes parece-me uma decisão completamente disparatada porque, junta com outras que a inevitabilidade já antes havia ditado, como o congelamento e corte de salários, o aumento de impostos, o corte no décimo terceiro mês, etc, reforça exageradamente os sacrifícios dos que já estavam mais penalizados. Com mais esta medida em que não houve “meias medidas”, dificultaram-se ainda mais as condições de vida a milhões de portugueses que já as tinham bem complicadas! Se, deste modo, se dificulta excessivamente o trabalho num país que apenas com muito trabalho se poderá recuperar, não posso ver qualquer inteligência na decisão tomada.
É verdade que as empresas de transportes estão falidas. Desde há bastante tempo que estão. Porém, em vez das atitudes que, oportunamente, deveriam ter sido tomadas mas que mesmo tarde se devem tomar, como ser criterioso na escolha dos gestores, rigoroso na seleção e apreciação dos quadros, exigente na qualidade de trabalho de todos os funcionários e continuadamente atento aos resultados das explorações, o Estado preferiu ser cego, surdo e mudo, como os bons demagogos são quando lhes convém e agora, por imposição do que já toda a gente conhece por troika, aumenta-lhes as receitas para que novos incompetentes tenham os seus empregos, se passeiem em bólides de topo de gama e outras coisas das quais é melhor nem falar.
O ministro da economia, o tal super que escolheu outros super para colaborarem consigo, já foi a visando que em Janeiro… É inacreditável!
Ainda pouco tempo é passado desde a posse deste governo, mas se já houve tempo para endurecer muito a vida de quem trabalha, não será com demagógicas atitudes de desengravatamento e promessas de cortes nas gorduras do Estado que, entretanto, não pára de engordar que se tornarão frutíferos os sacrifícios que se impõem e se encurtará o tempo de privações. E pelo caminho que as coisas levam…
É preciso mais, muitos mais do que super-ministros! São precisos bons-ministros. O da economia não me convence!
É verdade que as empresas de transportes estão falidas. Desde há bastante tempo que estão. Porém, em vez das atitudes que, oportunamente, deveriam ter sido tomadas mas que mesmo tarde se devem tomar, como ser criterioso na escolha dos gestores, rigoroso na seleção e apreciação dos quadros, exigente na qualidade de trabalho de todos os funcionários e continuadamente atento aos resultados das explorações, o Estado preferiu ser cego, surdo e mudo, como os bons demagogos são quando lhes convém e agora, por imposição do que já toda a gente conhece por troika, aumenta-lhes as receitas para que novos incompetentes tenham os seus empregos, se passeiem em bólides de topo de gama e outras coisas das quais é melhor nem falar.
O ministro da economia, o tal super que escolheu outros super para colaborarem consigo, já foi a visando que em Janeiro… É inacreditável!
Ainda pouco tempo é passado desde a posse deste governo, mas se já houve tempo para endurecer muito a vida de quem trabalha, não será com demagógicas atitudes de desengravatamento e promessas de cortes nas gorduras do Estado que, entretanto, não pára de engordar que se tornarão frutíferos os sacrifícios que se impõem e se encurtará o tempo de privações. E pelo caminho que as coisas levam…
É preciso mais, muitos mais do que super-ministros! São precisos bons-ministros. O da economia não me convence!
terça-feira, 2 de agosto de 2011
OS RISCOS INEVITÁVEIS DO TRABALHO
Não posso deixar de compreender os problemas de quem, sem emprego, não consegue o bastante para uma vida minimamente digna, tal como entendo os receios dos que tenham ou possam ter o seu emprego em risco. Para eles vai toda a minha solidariedade.
O desemprego é, sempre foi, um enorme problema para os que têm no fruto do seu trabalho a fonte de rendimentos para fazer face às suas necessidades financeiras. Suas e das suas famílias.
Por isso me preocupa a elevada taxa de desemprego que, por certo, ainda vai aumentar em consequência do lamentável estado a que deixaram chegar a economia do país e das duras condições de resgate que, por isso, nos foram impostas.
Apesar de tudo, não me parece que seja com a defesa intransigente do “direito ao trabalho” que o problema se resolve. Diria, até, que mais os problemas aumentarão.
Aparte situações muito limitadas, diria mesmo que insignificantes, de beneficiar alguém em prejuízo de outrem ou de atitudes fraudulentas que a Justiça deve avaliar e punir, não me parece que algum empregador despeça trabalhadores sem para isso ter uma razão que pode ser a redução da actividade, a falta de qualidade do trabalhador, a dispensa de mão-de-obra em consequência da evolução tecnológica ou outras quaisquer razões justificadas, porque fazê-lo seria um erro que teria de pagar caro.
O mercado é variável, as crises acontecem e as evoluções tecnológicas que tornam a produção menos dependente de mão-de-obra são adoptadas para não perder produtividade nem mercado, pelo que é inevitável que o trabalho tenha a sua parte nos riscos, tal como o capital e, por isso, se deve ter a consciência de que não se pode ter por indefinidamente garantido.
É inútil insistir em atitudes que, para defender alguns postos de trabalho, põem em risco toda a empresa e, com ela, o posto de trabalho de todos os seus colaboradores. A rigorosa avaliação da situação é necessária, em vez de atitudes populistas de revolta.
Duas coisas se sabiam desde a “revolução industrial” e, mesmo, desde antes dela: nem o crescimento económico pode ser indefinidamente continuado nem, alguma vez, haverá emprego para todos.
É errada, pois, a convicção de que será possível manter indefinidamente o crescimento económico, como errada é a de que, por ser o trabalho um direito que a Constituição consagra, todos o terão garantido. O desemprego é e será, infelizmente, um flagelo para muita gente.
O confronto entre trabalhadores e empregadores, tal como a Constituição o regulamenta, parte de conceitos errados. Por isso os resultados não são tão bons como os que alguns casos de negociação flexível têm permitido que sejam.
O desemprego é, sempre foi, um enorme problema para os que têm no fruto do seu trabalho a fonte de rendimentos para fazer face às suas necessidades financeiras. Suas e das suas famílias.
Por isso me preocupa a elevada taxa de desemprego que, por certo, ainda vai aumentar em consequência do lamentável estado a que deixaram chegar a economia do país e das duras condições de resgate que, por isso, nos foram impostas.
Apesar de tudo, não me parece que seja com a defesa intransigente do “direito ao trabalho” que o problema se resolve. Diria, até, que mais os problemas aumentarão.
Aparte situações muito limitadas, diria mesmo que insignificantes, de beneficiar alguém em prejuízo de outrem ou de atitudes fraudulentas que a Justiça deve avaliar e punir, não me parece que algum empregador despeça trabalhadores sem para isso ter uma razão que pode ser a redução da actividade, a falta de qualidade do trabalhador, a dispensa de mão-de-obra em consequência da evolução tecnológica ou outras quaisquer razões justificadas, porque fazê-lo seria um erro que teria de pagar caro.
O mercado é variável, as crises acontecem e as evoluções tecnológicas que tornam a produção menos dependente de mão-de-obra são adoptadas para não perder produtividade nem mercado, pelo que é inevitável que o trabalho tenha a sua parte nos riscos, tal como o capital e, por isso, se deve ter a consciência de que não se pode ter por indefinidamente garantido.
É inútil insistir em atitudes que, para defender alguns postos de trabalho, põem em risco toda a empresa e, com ela, o posto de trabalho de todos os seus colaboradores. A rigorosa avaliação da situação é necessária, em vez de atitudes populistas de revolta.
Duas coisas se sabiam desde a “revolução industrial” e, mesmo, desde antes dela: nem o crescimento económico pode ser indefinidamente continuado nem, alguma vez, haverá emprego para todos.
É errada, pois, a convicção de que será possível manter indefinidamente o crescimento económico, como errada é a de que, por ser o trabalho um direito que a Constituição consagra, todos o terão garantido. O desemprego é e será, infelizmente, um flagelo para muita gente.
O confronto entre trabalhadores e empregadores, tal como a Constituição o regulamenta, parte de conceitos errados. Por isso os resultados não são tão bons como os que alguns casos de negociação flexível têm permitido que sejam.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
ATOARDAS PERIGOSAS
Já me não surpreendo mas ainda me custa a acreditar que pessoas responsáveis, ou que eu julgava serem, lancem atoardas que podem originar mal entendidos que conduzam a atitudes prejudiciais à paz social de que o país necessita para se recuperar.
Fazer crer que, da “ajuda a Portugal”, doze mil milhões são para os bancos como se tal fosse uma dádiva, é levar os menos entendidos nestas coisas a crer que os bancos estão a levar uma parte substancial da ajuda que deveria ser para o país.
E há quem se deixe levar por vídeos e outras formas de propaganda com que aqueles a quem o povo, em eleições, não escolheu para governar, incitam a uma revolta que, se acontecesse, só iria piorar o que já é mau.
Aqueles doze mil milhões são um financiamento alternativo para a banca que, nos mercados habituais, teria de pagar juros muito mais elevados pelo financiamento de que necessita, tal como aconteceria ao governo português sem a ajuda do FMI e da UE.
Para a economia funcionar, a banca tem de possuir disponibilidades que esta “alternativa” vai proporcionar.
O incitamento ao “buzinão na ponte” não resultou. Felizmente. Os portugueses dão um sinal de maturidade que ajudará Portugal a conseguir atingir, mais rapidamente, o objectivo da recuperação.
Fazer crer que, da “ajuda a Portugal”, doze mil milhões são para os bancos como se tal fosse uma dádiva, é levar os menos entendidos nestas coisas a crer que os bancos estão a levar uma parte substancial da ajuda que deveria ser para o país.
E há quem se deixe levar por vídeos e outras formas de propaganda com que aqueles a quem o povo, em eleições, não escolheu para governar, incitam a uma revolta que, se acontecesse, só iria piorar o que já é mau.
Aqueles doze mil milhões são um financiamento alternativo para a banca que, nos mercados habituais, teria de pagar juros muito mais elevados pelo financiamento de que necessita, tal como aconteceria ao governo português sem a ajuda do FMI e da UE.
Para a economia funcionar, a banca tem de possuir disponibilidades que esta “alternativa” vai proporcionar.
O incitamento ao “buzinão na ponte” não resultou. Felizmente. Os portugueses dão um sinal de maturidade que ajudará Portugal a conseguir atingir, mais rapidamente, o objectivo da recuperação.
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