ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

AS VIRTUDES DA DESGRAÇA

Imaginemos que, por uma magia qualquer, todos passávamos a ser não perdulários e a ser bons condutores. Estas são duas virtudes que, por certo, nenhuma sociedade deixará de reconhecer como fazendo parte de um conjunto que tornaria o futuro melhor. Pouparíamos muito e evitaríamos muitas desgraças.
Imaginemos, porém, o que poderia suceder se tal acontecesse, mesmo sem a preocupação de sermos exaustivos nesta análise.
Um perdulário troca de carro frequentemente, usa-o por tudo e por nada, assim contribuindo para que o negócio de combustíveis e de viaturas prospere e, consequentemente, a economia cresça. É do que a economia necessita!
Um mau condutor não cumpre as regras de segurança e provoca acidentes que causam danos pessoais e materiais. Contribui para dar muito trabalho a reboques, a oficinas de mecânica, a bate-chapas e pintores, electricistas, eu sei lá. Por tudo isto faz crescer a economia! É, pois, alguém que a economia deve prezar!
Pelo contrário, um não perdulário estima o que possui, o que lhe pode causar aquela quase esquecida sensação de afecto que antigamente uma menina sentia pela sua primeira boneca. Não trocará de carro de dois em dois ou três em três anos, mantém a viatura em bom estado e conservá-la-á por vários anos. Fácil será concluir que gente assim só prejudica a economia. Fá-la estagnar, senão mesmo regredir!
O bom condutor evita acidentes e economiza combustível, pelo que tira trabalho a muita gente que reboca os carros acidentados, lhes repara a mecânica, os desempana e endireita, os repinta, etc, etc…, faz falir empresas, cria desemprego e reduz os fabulosos lucros que o Estado e as gasolineiras se habituaram a ter. É um desastre para a economia!
Afinal, não ser perdulário e ser bom condutor são estimáveis virtudes que poderiam contribuir para um futuro melhor ou não passam de "execráveis" defeitos porque prejudicam a ECONOMIA?

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