ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 2 de agosto de 2011

OS RISCOS INEVITÁVEIS DO TRABALHO

Não posso deixar de compreender os problemas de quem, sem emprego, não consegue o bastante para uma vida minimamente digna, tal como entendo os receios dos que tenham ou possam ter o seu emprego em risco. Para eles vai toda a minha solidariedade.
O desemprego é, sempre foi, um enorme problema para os que têm no fruto do seu trabalho a fonte de rendimentos para fazer face às suas necessidades financeiras. Suas e das suas famílias.
Por isso me preocupa a elevada taxa de desemprego que, por certo, ainda vai aumentar em consequência do lamentável estado a que deixaram chegar a economia do país e das duras condições de resgate que, por isso, nos foram impostas.
Apesar de tudo, não me parece que seja com a defesa intransigente do “direito ao trabalho” que o problema se resolve. Diria, até, que mais os problemas aumentarão.
Aparte situações muito limitadas, diria mesmo que insignificantes, de beneficiar alguém em prejuízo de outrem ou de atitudes fraudulentas que a Justiça deve avaliar e punir, não me parece que algum empregador despeça trabalhadores sem para isso ter uma razão que pode ser a redução da actividade, a falta de qualidade do trabalhador, a dispensa de mão-de-obra em consequência da evolução tecnológica ou outras quaisquer razões justificadas, porque fazê-lo seria um erro que teria de pagar caro.
O mercado é variável, as crises acontecem e as evoluções tecnológicas que tornam a produção menos dependente de mão-de-obra são adoptadas para não perder produtividade nem mercado, pelo que é inevitável que o trabalho tenha a sua parte nos riscos, tal como o capital e, por isso, se deve ter a consciência de que não se pode ter por indefinidamente garantido.
É inútil insistir em atitudes que, para defender alguns postos de trabalho, põem em risco toda a empresa e, com ela, o posto de trabalho de todos os seus colaboradores. A rigorosa avaliação da situação é necessária, em vez de atitudes populistas de revolta.
Duas coisas se sabiam desde a “revolução industrial” e, mesmo, desde antes dela: nem o crescimento económico pode ser indefinidamente continuado nem, alguma vez, haverá emprego para todos.
É errada, pois, a convicção de que será possível manter indefinidamente o crescimento económico, como errada é a de que, por ser o trabalho um direito que a Constituição consagra, todos o terão garantido. O desemprego é e será, infelizmente, um flagelo para muita gente.
O confronto entre trabalhadores e empregadores, tal como a Constituição o regulamenta, parte de conceitos errados. Por isso os resultados não são tão bons como os que alguns casos de negociação flexível têm permitido que sejam.

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