Não
foi o Sr Pinto de Sousa, mais conhecido por Sócrates, quem iniciou a moda das
“licenciaturas” macacas, umas esquisitas outras inexistentes até.
Haverá,
milhares em Portugal, depois do que foram as passagens administrativas que a
bagunça “abrileira” gerou nas escolas.
Mas
não é destas que falo.
O
caso de Sócrates, curiosamente passado numa universidade onde leccionei e fui
membro do Conselho Científico onde nunca tal caso foi apreciado, envolveu a
credibilidade da própria universidade que lhe concedeu uma licenciatura de modo
que foi publicamente julgado pouco claro, mas que, mesmo assim, lhe terá
merecido ser o “professor” nominal da cadeira de Gestão Ambiental, conforme me
foi dito pelo colega que, na realidade, a leccionava.
Ou
terei percebido bem? É que quando se trata deste personagem e pelo que,
relacionado com ele tem acontecido, nem tudo o que parece é!
Ainda
na década de setenta do século XX, conheci, em funções políticas, doutores que
o não eram. Nem administrativamente, o que, para mim, se tornou normal.
Durante
muito tempo não me dei conta de casos destes, até que o caso Relvas eclodiu,
com base em atribuição de “créditos” que, de um modo porventura muito generoso,
algumas Faculdades concediam à “experiência” de cada um.
E
quando o caso Relvas parecia ter sido o topo dos escândalos dos “doutores que
não são”, voltam estes a ser notícia.
Primeiro
alguém que trabalhava directamente com o Primeiro Ministro “estagiário” (foi o
que deduzi de uma entrevista de Sócrares) e agora aquele a quem se refere esta
notícia que hoje li: “O chefe de
gabinete do secretário de Estado da Juventude e do Desporto demitiu-se esta
sexta-feira. Não concluiu as licenciaturas que dizia ter, mas em 2013 ele
próprio alertava para casos assim”.
De facto, este “doutor” até tinha pedido, em tempos,
pedia que se investigassem “as licenciaturas de todos os políticos em funções
que se tenham licenciado após o Processo de Bolonha, em particular aqueles que
se licenciaram em universidades privadas e em cursos de ciências sociais e
humanas”, o que torna a notícia estranha.
Enfim, são coisas que acontecem por toda a parte e
que a este nosso país têm dado imenso jeito para o desenvolvimento que se tem
verificado.
Somos um país de doutores, muitos desempregados ou emigrados, que
tem de ir recrutar os trabalhadores para funções impróprias para doutores cada
vez mais longe porque, por aqui, muita gente prefere viver do subsídio de inserção social.