Lembro-me
do Engenheiro Guterres ainda um simples deputado do PS cujas intervenções me
seduziam.
Pouco
fugia à sensatez que eu sempre esperei ver nos políticos que, esperava eu,
deveriam ser sérios e bem informados para poderem governar, em vez de “guerrilheiros”
do poder, indiferentes ao que, na realidade, se passa no mundo.
Guterres
aprendeu ao longo da carreira que fez, e que é, afinal, a forma como os
verdadeiros sabedores aprendem.
Soube
argumentar e ganhar o poder, primeiro como Secretário Geral do PS (1992-2002) e, dpois, como
Primeiro-Ministro (1995-2002), cargo que, depois, abandonou, creio eu por
verificar que as promessas que o permitem agarrar são incumpríveis e que as “manobras”
a que obrigam podem levar ao “atoleiro político” pelo qual não quis ser
responsável.
Quem
sabe, não se deu conta da incapacidade de vencer as forças dos ambiciosos
que, na verdade, são o poder que explora o mundo que, como pode verificar nas
funções que exerceu na ONU, aprofundam as desigualdades cruéis que resultam dessas
ambições que o dominam.
Num
mundo em que os verdadeiros políticos são raros, muito raros até, o que eles
próprios começam a reconhecer, a ONU decidiu, desta vez, seguir uma caminho
diferente para escolher o seu Secretário Geral. Não o das conveniências geo-políticas,
mas o da competência, aquilo de que o mundo mais necessita.
E
de nada valeram as interferências do actual e quase inútil secretário geral que
quis influenciar as regras da sua substituição, nem as monobras Merkelianas que
a Europa começa a conhecer melhor e a precaver-se contra elas.
Sinceramente,
julgo a tarefa de Guterres extremamente difícil, quase insuperável no mundo
desorganizado em que vivemos.
Um
relatório da ONU que Guterres vai chefiar diz: “confrontando a desigualdade nos países em desenvolvimento mostra que 1%
da população mais rica concentra mais de 40% da riqueza global, e que mais da
metade da população pobre detém apenas 1% dos recursos. Os dados do Banco
Mundial mostram que 20,6% da população mundial era pobre em 2010 – ou seja, 1,2
bilhão de pessoas. Essa realidade é reflexo da manutenção da desigualdade e da
população pobre no mundo”.
É
evidente que este é um mundo sem futuro, uma situação que não poderá
perpetuar-se e, por isso, a curto prazo criará sérios problemas, do que as
migrações para a Europa são uma primeira e pálida amostra.
De
que será Guterres capaz?
Que
Deus e o seu saber e experiência o ajudem na difícil tarefa a que foi chamado.
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