ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

DO ATOLEIRO À ONU



Lembro-me do Engenheiro Guterres ainda um simples deputado do PS cujas intervenções me seduziam.
Pouco fugia à sensatez que eu sempre esperei ver nos políticos que, esperava eu, deveriam ser sérios e bem informados para poderem governar, em vez de “guerrilheiros” do poder, indiferentes ao que, na realidade, se passa no mundo.
Guterres aprendeu ao longo da carreira que fez, e que é, afinal, a forma como os verdadeiros sabedores aprendem.
Soube argumentar e ganhar o poder, primeiro como Secretário Geral do PS (1992-2002) e, dpois, como Primeiro-Ministro (1995-2002), cargo que, depois, abandonou, creio eu por verificar que as promessas que o permitem agarrar são incumpríveis e que as “manobras” a que obrigam podem levar ao “atoleiro político” pelo qual não quis ser responsável.
Quem sabe, não se deu conta da incapacidade de vencer as forças dos ambiciosos que, na verdade, são o poder que explora o mundo que, como pode verificar nas funções que exerceu na ONU, aprofundam as desigualdades cruéis que resultam dessas ambições que o dominam.
Num mundo em que os verdadeiros políticos são raros, muito raros até, o que eles próprios começam a reconhecer, a ONU decidiu, desta vez, seguir uma caminho diferente para escolher o seu Secretário Geral. Não o das conveniências geo-políticas, mas o da competência, aquilo de que o mundo mais necessita.
E de nada valeram as interferências do actual e quase inútil secretário geral que quis influenciar as regras da sua substituição, nem as monobras Merkelianas que a Europa começa a conhecer melhor e a precaver-se contra elas.
Sinceramente, julgo a tarefa de Guterres extremamente difícil, quase insuperável no mundo desorganizado em que vivemos.
Um relatório da ONU que Guterres vai chefiar diz: “confrontando a desigualdade nos países em desenvolvimento mostra que 1% da população mais rica concentra mais de 40% da riqueza global, e que mais da metade da população pobre detém apenas 1% dos recursos. Os dados do Banco Mundial mostram que 20,6% da população mundial era pobre em 2010 – ou seja, 1,2 bilhão de pessoas. Essa realidade é reflexo da manutenção da desigualdade e da população pobre no mundo”.
É evidente que este é um mundo sem futuro, uma situação que não poderá perpetuar-se e, por isso, a curto prazo criará sérios problemas, do que as migrações para a Europa são uma primeira e pálida amostra.
De que será Guterres capaz?
Que Deus e o seu saber e experiência o ajudem na difícil tarefa a que foi chamado.

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