É
certo que o apoio de um país a um compatriota que se candidatura a um cargo
como o de Secretário Geral da ONU é importante. Seria, até, anormal não
acontecer.
Mas
tal atitude insere-se mais no anterior processo de influências do que na
decisão acertada de dar à competência o valor que tem e ser por ela que a
escolha se faça.
Independentemente
de qualquer valia que a diplomacia portuguesa possa ter tido, incluindo os
discursos de Costa e de Marcelo na ONU, não poderá ter passado da insistência num
processo de escolha claro e transparente em vez dos “cozinhados” ou das
rotações regionais que, antes, conduziam à escolha do que não seria,
necessariamente, o melhor.
Mas,
na hora da escolha, o mérito foi todo de Guterres que, nas suas intervenções, não
deu azo a quaisquer dúvidas àcerca ser o mais capaz de conduzir uma organização
da maior importância para a estabilidade do mundo, reformando-a, modernizando o
seu modo de actuar, repondo a credibilidade que foi perdendo, impondo a força
moral que deve ter, não deixando para o que possa acontecer a solução dos
problemas que, como cogumelos, nascem por todo o mundo.
Não
pertenço ao grupo dos crédulos para quem “tudo se há-de arranjar”. Sou dos que
sabem que não acontece o que nos convém que aconteça se deixarmos,
simplesmente, acontecer!
Os
resquícios dos antigos hábitos de conluio notaram-se bem na escolha mais do que
inoportuna de Merkel que convence uma tal Kristalina
Georgieva, búlgara e Comissária da ONU a fazer a triste figura de, como
disse Marcelo, querer ganhar a maratona começando a correr a 100m da meta.
E
o resultado foi um patético 8º lugar para quem aparece a dizer “atenção, por
que eu sou a melhor”, com 8 desencorajamentos, contra nenhuns para Guterres!
Mas
é enorme a tarefa que Guterres terá pela frente, desde a reorganização da
própria organização que vai chefiar até questões como a guerra na Síria e
outras guerras regionais, a crescente actividade terrorista a vaga de
refugiados, a intensa degradação ambiental, as alterações climáticas, etc, para
o que os procedimentos tradicionais da ONU não encontraram soluções.
O
embaixador russo Vitaly Churkin, na declaração que fez quando, em nome do
Conselho Geral que lidera e depois de indicar a inequívoca escolha feita, afirmou
esperar que o organismo recomende o nome de António Guterres "por
aclamação".
Neste
momento faltarão 2 horas para que aconteça.
E,
assim, as minhas preocupações ficam minoradas pela esperança de que alguém em
quem deposito confiança, as possa sossegar.
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