Há
sempre um dia para qualquer coisa.
Mas
falta ainda o da consciência pesada!
E
seria bom que houvesse um que, em vez destas desobrigas hipócritas em que, por
um instante, reconheço que poupar água é um bem para a Humanidade, que cuidar
de quem precisa é obra de caridade, me lembrasse dos males que faço e não devia
fazer, contribuir para que o mundo não seja isto a que chegou.
Dizem-me
que, ontem, foi o dia do sorriso, mas eu não sorri!
Não
senti vontade de sorrir,
Não
vi quaisquer razões para o fazer,
Porque
quase tudo o que vejo acontecer,
Tristeza
mais me faz do que sorriso,
Olho
em volta e não vejo o paraíso
Que
prometeram me iriam dar,
Os
que me enganam e, depois de lá estar,
Mais
me tiram seja o que for seja por que.
Então
de que rio eu? Não sei de que…
Das
desgraças que vejo?
Guerras,
pobreza, maus tratos de sobejo,
Assaltos,
roubos, velhos mal tratados,
Cidades
outrora belas feitas em bocados!
Do
canalha que sua mulher mata?
Daquele
que da sua terra se escapa
Porque
ali modo de viver não encontrou?
Dos
que este mundo de horrores vai desgraçando?
Dos
pedrados que, sem norte, vão andando,
Sem
lhes interessar para onde nem por que saber?
De
que rirei eu, podem-me dizer?
Da
criança descarnada que a fome levou?
Do
bêbado que, a cambalear, comigo chocou?
Do
infeliz que cumpre o seu fadário?
Daquele
que cai no conto do vigário?
Porque
neste viver, cada dia mais duro,
Quando
viver em paz se tornou inseguro,
Me
juram que o défice se vai cumprir?
Francamente!
Não
sei do que hei-de rir!
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