Uns contam tostões, talvez imaginando o que poderão fazer com eles
Outros encontram no caixote do lixo aquele baixo rendimento que caracteriza a "pobreza extrema"
Também há quem, aproveitando em lugares públicos a luz que em sua casa não têm, tentam lutar contra a pobreza.
Não
sei muito bem do que me falam quando me afirmam que mais de 800 milhões de
pessoas ainda vivem, no mundo, em “pobreza extrema” e me apontam 1,9 US
dólar (cerca de 1,7 Euro) como o valor máximo de que essas pessoas dispõem, por
dia, para viver. Será pouco mais de 50 euros por mês!
É
assim que o Banco Mundial define a pobreza extrema que, afirma, atingia 1,1 mil
milhões de pessoas em 1990, há cerca de 30 anos.
Numa
linguagem apropriada para atenuar o horror que é a pobreza, o BM afirma que “É notável que os países tenham continuado a
reduzir a pobreza e a impulsionar a prosperidade partilhada numa altura em que
a economia global tem um fraco desempenho, mas ainda há muitas pessoas a viver
com demasiado pouco».
Que
parcela de prosperidade partilharão os países ricos com aqueles em que o BM considera viver com muito pouco,
aquela situação em que de fome e de sede se morre a todas as horas?
E
fazem-no a troco de que? Das agressões ambientais que provocam com a extracção das
riquezas que lhes pilham?
Com
quanto viverão, agora, os 330 milhões que, desde 1990, o BM conseguiu tirar da
pobreza extrema? Dois ou três euros por dia?
Conclui
o BM, no seu último relatório, que “a
menos que se retome um crescimento global mais rápido e que se reduza a
desigualdade, poderá falhar o objectivo do Banco Mundial de eliminar a pobreza
extrema até 2030”.
Tudo
isto quando, tarde e a más horas, os patrões do mundo descobrem o buraco em que
estão metidos e querem apressar medidas de contenção que não sei como vão impor
e vêm com muito mais de meio século de atraso perante os avisos que os que se
dedicam a estudar o mundo em que vivemos lhes fizeram?
E
é neste momento que penso ser mais do que a hora para falar a dura verdade do
futuro que o mundo enfrenta pois, enquanto a realidade nos dá conta de que a
economia global dia a dia mais se fragiliza, fazer depender um projecto de
eliminação da pobreza extrema de um crescimento global mais rápido e da redução
das desigualdades, não passa de uma utopia inultrapassável, perante o acumular
das limitações naturais que o próprio crescimento gerou.
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