ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 25 de outubro de 2016

A QUESTÃO DA MANTA CURTA



É entre receitas e despesas que se fazem as contas do défice.
Assim, quando as receitas não são bastantes, a solução está em cortar na despesa.
La Palisse não diria melhor!
É o que está a acontecer porque, apesar dos numerosos impostos indirectos com que o Governo evitou não sobrecarregar, significativamente, os impostos directos, as receitas ficaram bastante abaixo do previsto, o que tornou obrigatório baixar a despesa, para não prejudicar o défice com que se comprometeu.
Aqui se coloca, porém, a questão fulcral da governação, a de decidir onde cortar, em função do que sejam os seus objectivos, sem prejudicar a sua obrigação de proporcionar aos portugueses a melhor qualidade de vida possível.
Será cortando na despesa que que se garante a qualidade de vida? De modo algum pois cortar nas despesas significa prestar menos serviços e, por isso, reduzir a qualidade de vida, o que é uma forma de impor austeridade, inevitável quando o défice se constitui o objectivo a cumprir!
É o problema da manta curta que se tapa os pés deixa os ombros descobertos e não proporciona o conforto que só uma manta maior pode garantir.
É no destapar dos pés ou dos ombros que está a diferença entre o governo anterior e o que, agora, nos governa.
Pelas conversas que oiço, estará fora de questão mudar de manta, para o que uma maior produtividade seria necessária, bem mais elevada do que aquela de que os portugueses têm vindo a revelar serem capazes de alcançar.
De onde vem, pois, a “felicidade” e a euforia de sucesso que os resultados até agora conseguidos parecem gerar? Da ilusão que ter um pouco mais de dinheiro pode dar, ainda que mais depressa se gaste a comprar o que os impostos indirectos tornam bem mais caro.
Não creio que seja deste modo que os portugueses vão encontrar o caminho para a qualidade de vida que as suas potencialidades podem consentir-lhes.
Portugal não é o país pobre em recursos naturais que se faz crer que é.
É por se ter tornado um país pobre em vontade, em iniciativa e em productividade que se tornou no quase indigente que é.
E não será com manobras orçamentais que deixará de o ser, mas com cabeça e trabalho.

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