Não é fácil, olhando para um animal ou para uma planta, vê-los crescer em pouco tempo. Mas com a dívida portuguesa é diferente, pois cresce mais num minuto do que eu consegui amealhar em toda uma longa vida de trabalho.
Por isso, quando leio nos jornais, vejo nas televisões, escuto no café e no barbeiro que a dívida atinge valores exorbitantes, que pagamos os juros mais altos pelo dinheiro de que necessitamos, que o perigo de ruptura é cada vez maior e que a intervenção do FMI já está próxima… confesso que fico preocupado. Preocupado demais, tão preocupado que só me resta uma solução: acreditar em Sócrates e, como ele, ter a certeza de que é assim que Portugal vai crescer, gastando mais e mais, gastando o que não tem, o que não pode gastar e que exorbitam os alarmistas, porque tudo está controlado!
Fico aliviado mas, depois, vem-me à ideia uma “estória” que me contaram há muitos anos.
Há muito tempo, na Grécia antiga, uma enorme multidão assistia a uma peça de teatro quando deflagra um incêndio. A multidão precipita-se para as saídas mas uma voz forte e bem timbrada grita: acalmem-se, eu sou o Homem do pífaro!
A multidão acalmou mas as chamas não paravam de crescer. Uma vez e outra a multidão agita-se e tenta escapar mas sempre se ouve a voz que grita: acalmem-se, não tenham medo, eu sou o Homem do pífaro!
Mas as chamas acabam por provocar a derrocada do teatro de onde ninguém escapou…
Dois mil anos mais tarde, numas escavações e no meio de muita ossada, foram encontradas provas inequívocas de que, afinal, não era o Homem do Pífaro!
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