ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

POUCA-TERRA, POUCA-CABEÇA...

Sou beirão e gosto da minha Terra como de nenhuma outra.
Mas gosto muito do Alentejo, também.
Gosto daquela terra imensa ensolarada de que um poeta disse um dia “não tem sombra senão a que vem do Céu”.
Ali me deliciei apreciando pedaços de maravilhas em Évora, em Monsaraz em Marvão… ; Extasiei-me com as revelações de passados mais ou menos distantes em dolmans, menhires e ruínas romanas;
Vi, no Badocha, animais selvagens um tanto fora de contexto, mas...;
Em Serpa comi queijo que me fez lembrar o da minha Serra, gosto de migas e até como gaspacho se não tiver pepino;
Adoçam-me a alma os cantares daquelas gentes a quem uma simples rama de oliveira tão artisticamente inspira!
Mas a serenidade desta terra será, em breve, sacudida pela velocidade estonteante de um TGV em cuja construção urgente alguém insistiu porque a aparência de sucesso a isso obrigava. Ou talvez não, porque o troço que já constroem pode não ligar, tão cedo, a coisa nenhuma.
Mesmo assim, o Alentejo ganhará um novo motivo de atracção, um lugar extenso onde, como em miúdos, poderemos correr ao longo dos carris gritando: pouca-terra, pouca-terra, pouca-cabeça, pouca-cabeça… talvez para esquecermos as dores de um “orçamento” de cortes profundos e impostos violentos que, por estes "pequenos luxos", as famosas empresas de “rating” nos impõem para não tornarem ainda mais caro o dinheiro que cada vez menos temos.

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