ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O INCONTORNÁVEL DÉFICE…

Confesso que nunca me dei bem com estas coisas do “quem recebe deve, quem entrega tem a haver”, quero eu dizer com a “contabilidade” simples que outrora se usava para saber como iam as finanças. Ora, se mal me dei com a simplicidade de contas ao alcance de qualquer comum mortal, como iria eu entender-me com a complexidade da moderna “engenharia financeira” que mais me parece magia do que realidade? Engenheiro fui eu que teve de resolver alguns problemas bem bicudos, mas nunca as soluções que adoptei tiveram nada de mágico.
Então, estes problemas do défice e da dívida externa que, à primeira vista, tão simples me pareciam, deixam-me perplexo pois não o serão de todo porque, afinal, não só ninguém parece saber como resolvê-los, como não encontro, entre os que dizem saber, consenso sobre como fazê-lo.
Mas, perante problemas tão sérios, creio ser natural a perplexidade de quem toda a vida teve de lidar com “leis” que deram muito trabalho a descobrir e, por isso, se não sente à vontade para entender aquelas que ninguém descobre!
Vivo há já dezenas de anos na esperança de poder alargar o cinto, pelo menos para o “furo” que usava quando a vida era menos complicada, quando se era mais feliz sem o consumismo desalmado que o crescimento económico impõe.
Agora vivo no temor de um cinto sem espaço para mais furos porque não compreendo como iremos sair do imbróglio que criámos.
Diz o FMI que teremos de suportar as exigências drásticas da austeridade ainda que, por efeitos dela, tenhamos certa uma recessão!
Diz o Banco de Portugal que uma medida excepcional, a de transferir o “fundo de pensões” da PT para o Estado, no valor de 2,6 (dois vírgula seis e não dois ponto seis) milhões de euros pode não ser bastante para que se atinja o objectivo do défice marcado para o final deste ano!
Diz o Primeiro Ministro que apenas recorreu a essa medida extraordinária porque, com surpresa, terá de pagar um submarino que custa cerca de 500 milhões! Ou dois que sejam…
Não conseguiu o Primeiro Ministro explicar porque sempre que disse que não iria subir os impostos acabou por subi-los nem, apesar de dizer que, desta vez, as contas foram feitas de uma forma mais conservadora foi capaz de garantir não haver nova subida porque “sempre fará o que for o melhor para o país”.
O melhor para o país! Ora deixa-me pensar… Se para reduzir o défice são indispensáveis medidas de austeridade que vão provocar recessão, que reduzem o poder de compra que vai fazer decrescer a produção que vai provocar mais desemprego que vai aumentar as prestações sociais que vão engordar o défice…
Bem, desisto!Não acredito que não possa haver outro caminho senão um bêco sem saída.

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