No facebook deparei-me com uma questão que, embora jocosa, me deu que pensar. Alguém perguntava: se foi de quase três meses o tempo para retirar 33 pessoas de um buraco, quanto mais será necessário para retirar 10 milhões?
Este problema que uma regra de três simples resolveria, não é, porém, tão simples assim porque o tamanho conta e os mineiros chilenos estavam, apenas, a pouco mais de 600 metros de profundidade, abaixo da qual não podiam cair mais.
Connosco, a questão é mais complexa.
Não sei a qual dos três buracos nacionais o autor da questão se quis referir. Mas admitamos que foi àquele que mais preocupa os agiotas, a dívida externa.
Portugal tinha, em 2004, uma dívida externa da ordem de 60% do PIB, valor considerado razoável e, até, inferior ao da maioria dos países.
Desde que o governo Sócrates tomou conta deste país ao qual fez crer que era rico, Portugal endividou-se até um valor superior ao PIB, se considerarmos apenas valores líquidos porque com juros... nem quero fazer a conta. Isto significa que, apesar do acréscimo do PIB (uns 14%), a dívida externa aumentou cerca de 80%!
Tendo em conta que as medidas de austeridade que o OE nos vai impor se destinam a colmatar outro buraco, o do défice das contas públicas, que os juros externos estão a cerca do dobro daqueles antes praticados e que das ditas medidas de austeridade advirá uma recessão, a dívida externa aumentará com certeza.
Não é possível solver tamanha dívida sem uma negociação que a reescalone em moldes razoáveis, sem necessidade das condições de empobrecimento geral que as medidas de austeridade implicam. Para isso seria necessária a solidariedade da UE que, de todo, não existe. Outros poderes mais altos se levantam!
Por isso, não estranho as pressões patéticas dos banqueiros nem de Durão Barroso para que o OE seja viabilizado, porque uns e o outro defendem interesses bem conhecidos. Já estranho, porém, a posição de certos “economistas” que não conseguem descortinar outra saída que não seja a do buraco global em que, definitivamente, nos enterraremos.
São, pois, três os buracos em que caímos por obra e graça de um socialismo esquisito que, depois, diz defender o Estado Social! Só não diz quem vai pagá-lo.
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