Agradou-me ouvir Passos Coelho dizer que “o povo português aprendeu o quando lhe custou essa lição, o preço da incúria, da ilusão, do disfarce, do faz de conta", acrescentando que está convicto de que "o país sabe que vai ter de mudar de vida".
A primeira parte é a mais óbvia porque todos já sentimos na pele os efeitos de governações levianas que nos levaram às portas da bancarrota. Foram governações que não souberam gerir em conformidade com as potencialidades do país, que julgaram ser a União Europeia a solução para as suas fraquezas e os seus apoios financeiros um maná inesgotável que nos tornaria ricos.
Hoje sentimos o gosto amargo da “solidariedade” europeia que pagaremos sem poder reclamar, suportando toda a dor que os sacrifícios, impostos sem piedade, nos farão sentir.
Já não estou tão certo de saber o país que vai ter de mudar de vida porque nem sequer me parece saber qual a vida que pode ter com os recursos de que dispõe.
Não vale a pena pensar que poderemos regressar à vida descuidada que já vivemos e, por isso, melhor será ter por certo que só com muito trabalho poderemos sair do “castigo” que nos impuseram.
Resta-me esperar que Passos Coelho o saiba e que, com toda a clareza, o explique a este povo distraído que parece preferir acreditar nas balelas de quem promete o que o país não pode dar nem pode ter.
Em contrapartida, desagradaram-me os avisos de desgraça de Sócrates, pelos quais um governo de Passos Coelho só pode trazer maiores sacrifícios e dificuldades ao país! É a reles estratégia do medo que um país que necessita de ser heróico para se reerguer não pode ter.
Estamos a dois dias do acto eleitoral que marcará o rumo do futuro próximo de Portugal. Espero que a grande maioria de nós tenha a consciência do que deve ser feito para minorar a dor com que teremos de pagar os erros que, por mal avisados ou por incompetência, cometemos.
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