Não
me parece que haja um bom futuro para a Europa mesmo a curto prazo, ainda que a
União Europeia pudesse ser, de algum modo, uma solução para muitos dos
problemas que, no passado, a tornaram numa região de constantes conflitos que
ditaram as diferenças profundas que continuam a existir.
Depois
de tantos anos, a Europa não foi capaz de se constituir num polo aglutinador
das diferenças, tantas que existem desde há séculos e o tempo não esbateu.
Parece, até, que o tempo as reforça, talvez consequência de uma “globalização”
que, afinal, não passa de um estratagema de que os países mais pequenos saem
prejudicados.
Os
problemas da Bélgica, em que as divergências entre flamengos e valões
permanecem ou se agudizem, na Espanha, onde bascos e catalães manifestam uma
vontade forte de serem independentes do aglomerado criado pelos Reis católicos e
no Reino Unido do qual a Escócia se deseja separar, são alguns dos problemas da
“manta de retalhos” de que a Europa poderia ser o elo de ligação, mas não é,
porque os maiores países europeus têm outras intensões que não passam pela
coordenação das personalidades distintas que poderiam formar uma Europa forte.
A
confusão que a Itália continua a ser em consequência das suas origens, cujas
diferenças a língua “inventada” para substituir as que as várias cidades e
regiões falavam, não consegue desfazer.
Pelo
contrário, a União Europeia foi sendo cada vez mais um “acréscimo territorial” ou
a “área de influência” com que a Alemanha pretende enfrentar as demais potências
económicas, da qual o Reino Unido está em processo de afastamento, exemplo que
outros países poderão seguir também, pois não vejo nesta Europa uma vontade
séria para ser uma União.
Para
além das “regras” que cada país terá de integrar na sua legislação, quase à
medida das suas vontades, não vejo leis ou políticas europeias que façam da
Europa um todo.
E
uma vez mais, na derrocada que poderá seguir-se, serão os pequenos países as
vítimas deste “projecto” que começou por ser uma ideia grandiosa e redentora de
homens cuja alma não cabe nesta Europa que se tornou mesquinha e não é capaz de
tomar decisões comuns.
O
referendo na Itália e algumas eleições que se aproximam em diversos países, bem
podem criar as condições que acabem com a ideia onde, na realidade, a
verdadeira solidariedade, que jamais podem ser as migalhas com que os mais fortes seguram os mais fracos ou, até mesmo, a verdadeira união, nunca fizeram parte deste projecto.
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