ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

TRISTE INTERIOR



Quantas vezes tenho aqui referido os desequilíbrios territoriais em Portugal onde, curiosamente, se chama “interior” a territórios a pouca distância do litoral? Foram tantas as vezes que nem me recordo quantas.
Aliás, as diferenças são tão gritantes que até um cego as consegue ver, de tal modo a faixa litoral tem sorvido os recursos do tal “interior” tão próximo do mar.
Não sou, obviamente, o único a abordar tal assunto e a reclamar soluções de desenvolvimento que, segundo o que leio nas declarações do ministro-adjunto Eduardo Cabrita, não me parecem ser aquelas de que o Programa Nacional para a Coesão Territorial fala.
O desenvolvimento exige o ordenamento territorial que tal programa não contempla, que exige estudos técnicos e científicos profundos e demorados que se não fazem de um dia para o outro nem dão resultados a curto prazo.
São imensos os parâmetros a considerar nos estudos que se façam, numerosos os programas a montar e a coordenar para que os recursos potenciais das diversas regiões se tornem disponíveis, em coordenação com as diversas e caras  infra-estruturas que a sua exploração e utilização exigem.
Não me recordo de quantas promessas já terão sido feitas para tal ordenamento, desde a divisão territorial em Províncias e os Distritos que para nada serviram ou servem, até àquele célebre e ridículo referendo sobre a regionalização que teve por base uma proposta socialista que alguém estudou ao longo de uma noite que, em Viseu, passou sem dormir!
Não é deste modo que as coisas se fazem. Deste modo apenas se conseguem resultados fracos, esporádicos e temporários, por isso enganadores e que, de modo algum, desfarão os desequilíbrios profundos que mais profundos se têm tornado ao longo do tempo.
Diz o ministro que "Este programa integra 164 medidas concretas que foram trabalhadas com todos os ministérios e integra, sobretudo, uma forma diferente de olhar para o interior".
Mais uma promessa política que não faz qualquer sentido, pois apenas o faria se as tais medidas dos ministérios fossem definidas com base em conhecimentos científicos dos quais, obviamente, não dispõem, por falta de trabalhos de estudo e de reconhecimento do território e das suas reais potencialidades.
Assim continuaremos a engendrar soluções com as quais apenas se remendarão os problemas que continuaremos a ter.

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