Quantas
vezes tenho aqui referido os desequilíbrios territoriais em Portugal onde,
curiosamente, se chama “interior” a territórios a pouca distância do litoral? Foram
tantas as vezes que nem me recordo quantas.
Aliás,
as diferenças são tão gritantes que até um cego as consegue ver, de tal modo a
faixa litoral tem sorvido os recursos do tal “interior” tão próximo do mar.
Não
sou, obviamente, o único a abordar tal assunto e a reclamar soluções de
desenvolvimento que, segundo o que leio nas declarações do ministro-adjunto
Eduardo Cabrita, não me parecem ser aquelas de que o Programa Nacional para a
Coesão Territorial fala.
O
desenvolvimento exige o ordenamento territorial que tal programa não contempla, que
exige estudos técnicos e científicos profundos e demorados que se não fazem de
um dia para o outro nem dão resultados a curto prazo.
São
imensos os parâmetros a considerar nos estudos que se façam, numerosos os
programas a montar e a coordenar para que os recursos potenciais das diversas
regiões se tornem disponíveis, em coordenação com as diversas e caras infra-estruturas que a sua exploração e utilização exigem.
Não
me recordo de quantas promessas já terão sido feitas para tal ordenamento, desde
a divisão territorial em Províncias e os Distritos que para nada serviram ou
servem, até àquele célebre e ridículo referendo sobre a
regionalização que teve por base uma proposta socialista que alguém estudou ao
longo de uma noite que, em Viseu, passou sem dormir!
Não
é deste modo que as coisas se fazem. Deste modo apenas se conseguem resultados fracos,
esporádicos e temporários, por isso enganadores e que, de modo algum, desfarão os desequilíbrios
profundos que mais profundos se têm tornado ao longo do tempo.
Diz
o ministro que "Este programa integra 164 medidas concretas que foram
trabalhadas com todos os ministérios e integra, sobretudo, uma forma diferente
de olhar para o interior".
Mais
uma promessa política que não faz qualquer sentido, pois apenas o faria se as
tais medidas dos ministérios fossem definidas com base em conhecimentos científicos
dos quais, obviamente, não dispõem, por falta de trabalhos de estudo e de
reconhecimento do território e das suas reais potencialidades.
Assim
continuaremos a engendrar soluções com as quais apenas se remendarão os
problemas que continuaremos a ter.
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