ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

1 DE DEZEMBRO DE 1640



COROAÇÃO DE D. JOÃO IV (1908). Quadro de Veloso Salgado (1864-1945). Óleo sobre tela (325 x 285 cm). Museu Militar (Sala Restauração), Lisboa


A visita de Filipe VI de Espanha fez-me recordar outros tempos em que o diálogo entre os dois países era bem diferente.
Celebrando-se hoje, 1 de Dezembro de 2016, mais um aniversário da expulsão dos castelhanos que oprimiam Portugal, achei por bem recordar aqui uma pequena parte da História que, tenho a certeza, a maioria dos portugueses de hoje desconhece ou mal conhece. E de tal modo que da lista dos feriados nacionais foi retirado este dia em que se comemora aquele sem o qual Portugal não existiria mais. Felizmente foi reposto!
Da História:
O desastre de Alcácer Quibir, onde o Rei D Sebastião perdeu a vida muito novo e ainda sem descendência, deixaram Portugal sem um sucessor directo, o que levou o Cardeal D Henrique, filho de D Manuel I a tornar-se Rei de Portugal.
Segundo as regras da altura, sucederia ao Rei o seu parente mais próximo, de preferência do sexo masculino e, para isso, apresentavam-se como concorrentes, por ordem de sucessão e para além de D Henrique:
     
  • Rainuncio I Farnésio, Duque de Parma (neto de D Duarte, filho mais novo de D. Manuel I, através da filha mais velha, D Maria, e os seus irmãos mais novos;
  • Catarina, Duquesa de Bragança, (filha mais nova de D. Duarte) e seus filhos;
  • Filipe II de Espanha (filho de Dª Isabel, filha de D. Manuel I) e seus filhos, irmã e sobrinhos;
  • Emanuel Filisberto de saboia (filho de Dª Beatriz, filha de D. Manuel I) e seus filhos
  • João I, Duque de Bragança (marido de D. Catarina, bisneto de D. Isabel, irmã de D. Manuel I) e seus filhos
Havia ainda:
  • D. António, afastado por ser tido como ilegítimo, se não o fosse estaria mesmo antes do cardeal D. Henrique na linha de sucessão;
D. António, Prior do Crato, ainda foi aclamado pelo povo e coroado Rei, mas não governaria mais de vinte dias, até ser derrotado pela armada do Duque de Alba, na batalha de Vila Franca.
Assim, Filipe II de Espanha se tornou Rei de Portugal, prometendo defender os interesses do reino e dos portugueses, promessa que rapidamente esqueceu e, com a ajuda de alguns nobres portugueses, começou a castelhanização de Portugal, à qual sempre o povo resistiu.
Durou sessenta anos esta situação se submissão a um reino estranho, ao que um grupo de conspiradores, chefiados por D João Pinto Ribeiro, no dia 1º de Dezembro de 1640, pôs um final.
Um grupo de 40 fidalgos introduz-se no Paço da Ribeira, onde reside a Duquesa de Mântua, representante da coroa espanhola, mata o seu secretário Miguel de Vasconcelos, defenestrando-o, e vem à janela proclamar D. João, Duque de Bragança, rei de Portugal. 
Terminam, assim, 60 anos de domínio espanhol sobre Portugal. A revolução de Lisboa foi recebida com júbilo em todo o País. Restava, agora, defender as fronteiras de Portugal de uma provável retaliação espanhola.
Mas a disputa durou ainda muitos anos, com batalhas que o monumento da Praça dos Restauradores, em Lisboa, nos recorda.


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