Contam os Testamentos que, depois de um jejum
de 30 dias no deserto, o diabo levou Cristo ao alto de um monte de onde se
podia ver o mundo e o desafiou dizendo “tudo isto te darei se, prostrado, me
adorares”. Ao que Cristo respondeu “de que me serviria possuir tudo isso se
perdesse a minha Alma?”
Não me canso de pensar no significado da
resposta de quem, decerto cansado e faminto, resistiu à tentação de tudo ter em
troca de um bem maior.
É esta passagem da Bíblia que me inspira
nesta luta inglória que há dezenas de anos travo contra a enorme ambição de possuir
que a nossa “civilização” criou em nós.
E, parafraseando Cristo, apetece-me dizer: de
que me servirá ter tudo do que, da maior parte não tenho necessidade se, por
isso, perder o Ambiente de que necessito para viver?
À medida que os anos passaram me dei conta de
como estava certo nas preocupações que a crescente pilhagem da Natureza me trazia.
O Ambiente está seriamente ameaçado pelo modo
de viver que escolhemos neste meio limitado em que vivemos, no qual não cabe o
crescimento ilimitado que ambicionamos e, cada vez mais rapidamente destrói, em
pouco tempo, os equilíbrios que levaram muitos milhões de anos a atingir para
existir o Ambiente que nos consente viver.
Destruímos a camada do ozono, elevamos a
temperatura média global, poluímos e contaminamos o meio em que vivemos e,
apesar de todos os avisos sérios que a Ciência nos faz a cada dia, insistimos
nos erros que pioram a nossa situação de seres efémeros, de mais uma espécie
que, tal como a milhões de outras já aconteceu, um dia não será mais do que uma das que passaram pela Terra.
A destruição de equilíbrios é o grande erro
do Homem.
Por isso me chocou tanto a decisão do
Presidente do Brasil em consentir que na tão já escalavrada Amazónia, mais um
desmantamento para constituir uma reserva cuja extensão corresponde a cerca de
metade da nossa área nacional terrestre, destinada a constituir uma exploração
mineral!
Felizmente, um juiz da 21ª Vara Federal de
Brasília decidiu que não produzirá efeitos “todo e qualquer ato administrativo
tendente a extinguir a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca)”.
A Renca que foi criada em 1984 pelo Presidente
João Figueiredo, tem um estatuto que impõe que a exploração de cobre só poderia
ser aí efetuada por uma companhia estatal. Entretanto, além de cobre,
descobriram-se minerais como ouro, magnésio e outros para além co cobre, os quais, naturalmente,
geraram cobiças a que Temer, actual e muito contestado Presidente brasileiro, não é, de
todo, insensível aos proveitos de uma “nova corrida ao ouro”.
A desmatação da Amazónia, a área de floresta
húmida maior do mundo, é um dos mais graves problemas ambientais que
enfrentamos, pois extingue espécies animais e vegetais, com gravíssimas consequências
no ecossistema amazónico, para além das que decorrem da destruição do grande
pulmão do mundo.
A redução drástica das florestas húmidas do
mundo, no Brasil, em África, na Indonésia, está a ter efeitos muito sensíveis
nas alterações climáticas, assim se juntando a outras causas bem conhecidas.
A redução das áreas de florestas e a cada vez
maior poluição dos oceanos, reduz a fixação de CO2 que se vai acumulando na
atmosfera e, deste modo, aumenta o efeito de estufa que vai tornando mais
quente a Terra!
Os incêndios florestais que destroem, a cada ano, dezenas e dezenas e milhares de hectares, contribuem, também, para a redução da fixação de CO2, sendo este aspecto mais um a juntar aos múltiplos crimes que se praticam no simples acto de atear um incêndio, a justificar uma nova atitude da Justiça perante quem os pratica.
Os incêndios florestais que destroem, a cada ano, dezenas e dezenas e milhares de hectares, contribuem, também, para a redução da fixação de CO2, sendo este aspecto mais um a juntar aos múltiplos crimes que se praticam no simples acto de atear um incêndio, a justificar uma nova atitude da Justiça perante quem os pratica.
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