ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 2 de setembro de 2017

CRIMES AMBIENTAIS



Contam os Testamentos que, depois de um jejum de 30 dias no deserto, o diabo levou Cristo ao alto de um monte de onde se podia ver o mundo e o desafiou dizendo “tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”. Ao que Cristo respondeu “de que me serviria possuir tudo isso se perdesse a minha Alma?”
Não me canso de pensar no significado da resposta de quem, decerto cansado e faminto, resistiu à tentação de tudo ter em troca de um bem maior.
É esta passagem da Bíblia que me inspira nesta luta inglória que há dezenas de anos travo contra a enorme ambição de possuir que a nossa “civilização” criou em nós.
E, parafraseando Cristo, apetece-me dizer: de que me servirá ter tudo do que, da maior parte não tenho necessidade se, por isso, perder o Ambiente de que necessito para viver?
À medida que os anos passaram me dei conta de como estava certo nas preocupações que a crescente pilhagem da Natureza me trazia.
O Ambiente está seriamente ameaçado pelo modo de viver que escolhemos neste meio limitado em que vivemos, no qual não cabe o crescimento ilimitado que ambicionamos e, cada vez mais rapidamente destrói, em pouco tempo, os equilíbrios que levaram muitos milhões de anos a atingir para existir o Ambiente que nos consente viver.
Destruímos a camada do ozono, elevamos a temperatura média global, poluímos e contaminamos o meio em que vivemos e, apesar de todos os avisos sérios que a Ciência nos faz a cada dia, insistimos nos erros que pioram a nossa situação de seres efémeros, de mais uma espécie que, tal como a milhões de outras já aconteceu, um dia não será mais do que uma das que passaram pela Terra.
A destruição de equilíbrios é o grande erro do Homem.
Por isso me chocou tanto a decisão do Presidente do Brasil em consentir que na tão já escalavrada Amazónia, mais um desmantamento para constituir uma reserva cuja extensão corresponde a cerca de metade da nossa área nacional terrestre, destinada a constituir uma exploração mineral!
Felizmente, um juiz da 21ª Vara Federal de Brasília decidiu que não produzirá efeitos “todo e qualquer ato administrativo tendente a extinguir a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca)”.
A Renca que foi criada em 1984 pelo Presidente João Figueiredo, tem um estatuto que impõe que a exploração de cobre só poderia ser aí efetuada por uma companhia estatal. Entretanto, além de cobre, descobriram-se minerais como ouro, magnésio e outros para além co cobre, os quais, naturalmente, geraram cobiças a que Temer, actual e muito contestado Presidente brasileiro, não é, de todo, insensível aos proveitos de uma “nova corrida ao ouro”.
A desmatação da Amazónia, a área de floresta húmida maior do mundo, é um dos mais graves problemas ambientais que enfrentamos, pois extingue espécies animais e vegetais, com gravíssimas consequências no ecossistema amazónico, para além das que decorrem da destruição do grande pulmão do mundo.
A redução drástica das florestas húmidas do mundo, no Brasil, em África, na Indonésia, está a ter efeitos muito sensíveis nas alterações climáticas, assim se juntando a outras causas bem conhecidas.
A redução das áreas de florestas e a cada vez maior poluição dos oceanos, reduz a fixação de CO2 que se vai acumulando na atmosfera e, deste modo, aumenta o efeito de estufa que vai tornando mais quente a Terra!
Os incêndios florestais que destroem, a cada ano, dezenas e dezenas e milhares de hectares, contribuem, também, para a redução da fixação de CO2, sendo este aspecto mais um a juntar aos múltiplos crimes que se praticam no simples acto de atear um incêndio, a justificar uma nova atitude da Justiça perante quem os pratica.



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