Um acontecimento de tamanha relevância como é
o roubo de explosivos e equipamento militar de um paiol da Forças Armadas não
poderá, de modo algum, ficar no esquecimento, a menos que aceitemos a hipótese do
Ministro da Defesa que, não sabendo se
houve furto nos paióis de Tancos, resume o seu conhecimento a saber que há um
furo na cerca e que foi declarado o desaparecimento de material militar, pelo
que poderá nem ter havido furto algum porque “não existe prova visual, nem
testemunhal, nem confissão”!
Poderemos, então, ficar tranquilos e o melhor
será esquecermos o incidente que poderá nem ter existido, como poderemos ficar
descansados porque, como afirmou também, o estado das principais instalações
militares é "razoável" e não existem "situações de fragilidade
semelhantes" às de Tancos. Mas admite que, em alguns casos foi necessário
reforçar a defesa!
Não é tão tranquilizante saber disto?
A verdade, porém, é que dos paióis de Tancos
desapareceram, entre outras coisas mais talvez, granadas de mão ofensivas,
munições de calibre nove milímetros, granadas foguete anticarro, granadas de
gás lacrimogéneo e diversos explosivos.
Tendo em conta o que se passa no mundo, por
exemplo com o Daesh a querer dominar a Europa, para o que precisa, para os
atentados bárbaros que faz, de material como o desaparecido, são mais do que
estranhas as declarações do Ministro para quem, tratando-se da segurança do
país, se satisfaz com o “estado razoável” das instalações militares em Portugal
e com a actuação das chefias militares!!!
Não é tão reconfortante saber disto?
Mas ficamos sem saber com que cuidados se
guardam e defendem estas coisas e, menos ainda, como é feito o seu controlo.
Mas sabemos que o material desapareceu. Evaporou-se talvez.
E que estranheza poderemos nós sentir porque
o Primeiro Ministro repreende os deputados do seu partido pela sua insistência
em exigir mais informações do Ministro da Defesa e tenha garantido, este sábado
à noite, que o relatório citado pela notícia que fez manchete do Expresso
"não é de nenhum organismo oficial" nem foi produzido por
"serviços do Estado".
Como é bom saber que o Estado está tranquilo
e, por isso, nem investigação foi necessária para esclarecer seja o que for
porque, se o fosse, haveria um relatório. Certamente!
Pelos vistos, de um acontecimento tão grave como
o desaparecimento de material de guerra que, um dia, pode vir a ser utlizado
num atentado contra alguns de nós, não existe relatório algum e o melhor será
esquece-lo, voltarmo-nos para o outro lado e dormir descansados porque o “grande
chefe” vela por nós!
É frequente utilizar a expressão “andam a gozar
com a tropa”, dito que, nesta altura, parece ter-se invertido porque “esta tropa”
anda a gozar connosco.
Afinal, o que sucedeu e de quem é a culpa?
Ninguém sabe e todos vão passando as culpas
para o lado. Por exemplo, a associação
de Oficiais das Forças Armadas responsabiliza o desinvestimento na defesa pelo
roubo do material militar.
E até podem ter
razão, ainda que tarde e a más horas.
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