O ignominioso artigo 155º da Constituição
espanhola revela bem a intenção castelhana que, a partir dos reis católicos, foi
anexando ou tentando anexar outros reinos ibéricos, Portugal incluído.
Foi deste modo que o Reino de Aragão, do qual
foi Princesa a nossa Raínha Santa Isabel, esposa de D Dinis, se uniu a Castela
e, com ele, a Catalunha que dele fazia parte mas que, apesar das artes de
sucessões que por casamentos oportunistas foram criando as condições de
anexação pacífica, opôs uma dura resistência a Castela, obrigando-a a um
notável esforço de guerra a partir de 1640, mas que submeteu os catalães em
1652.
Mas a Catalunha já antes fora dividida entre
Castela e a França, existindo, pois, uma Catalunha francesa, também. Um
problema que não sei que futuro terá, tal como o País Basco também dividido
ente os mesmos dois países.
Para se entender o regime de anexação,
aparentemente pacífica mas realmente forçada, por isso contra a vontade das
nações anexadas, entre as quais a nação catalã, leia-se o artigo 155º da
Constituição Espanhola, impróprio de fazer parte dos princípios legislativos de
qualquer país que se diga democrático:
"Se
uma Comunidade Autónoma não cumprir as obrigações da Constituição ou outras
leis que se imponham, ou actuar de forma que ameace gravemente o interesse
geral de Espanha, o Governo, depois de ter enviado um requerimento ao
Presidente da Comunidade Autónoma e, no caso de este não ser atendido, com a
aprovação por maioria absoluta no Senado, poderá adoptar as medidas necessárias
para obrigar esta ao cumprimento forçado das ditas obrigações ou para a
protecção do mencionado interesse geral. Para a execução das medidas previstas
na frase anterior, o Governo poderá dar instruções a tidas as autoridades das
Comunidades Autónomas."
Será fácil, a partir daqui, descodificar a
ameaça do galego Mariano Rajoy que agora lidera o governo espanhol, quando, no
aviso que faz aos catalães”, lhes diz estarem ainda a tempo de “evitar males
maiores”.
Sondar a vontade de independência dos
catalães pelo referendo que propõem, seria a única atitude que o espírito
democrático consente mas o governo espanhol não aceita.
Nas imagens que vi transmitidas pela
televisão, não posso esquecer as palavras de uma jovem catalã que disse que “não
se verga a vontade de um povo com as montanhas de leis que se atirem para cima”
E dá para recordar aqui uma história que vivi
na minha primeira estadia na Catalunha.
No jantar do dia em que nos instalámos num
hotel em Tossa de Mar, a norte de Barcelona, procurámos uma mesa, mas todas
tinham bandeiras de diversas nacionalidades sem que alguma fosse a portuguesa.
Mesmo assim escolhemos uma e mandámos retirar
a bandeira. O funcionário perguntou “então qual?”.
Pedimos a portuguesa, mas respondeu-nos que
não tinha porque não era hábito os portugueses irem para ali. E acrescentou
que, mesmo assim, deveriam ter, porque os portugueses são seus aliados naturais
contra Castela. Depois contou a história que atrás vos contei.
Curiosamente, ele conhecia bem a história da restauração portuguesa que eu me propunha contar-lhe.
Curiosamente, ele conhecia bem a história da restauração portuguesa que eu me propunha contar-lhe.
Também numa visita guiada a Barcelona, a guia
fez questão de nos recordar Dª Isabel, Princesa de Aragão que foi Raínha de
Portugal.
Apesar dos cerca de 30 anos que passaram
depois desta visita, recordo o nacionalismo Catalão que, então, senti ser muito
forte.
Sem comentários:
Enviar um comentário