ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

EM NOME DA CONCERTAÇÃO...

Falam, falam mas não dizem nada que valha a pena porque ignoram realidades que se não confundem com os preconceitos que lhes ditam os discursos e estão muito para além das suas intenções ou preocupações imediatas.
Entende-se bem que cada um se queixe do que lhe dói, que acredite sinceramente nas razões que apresenta para se queixar mas, apesar da legitimidade que a dor confere, há coisas que devem ser bem pensadas, medidas e pesadas antes de serem ditas, pois cada vez mais é necessária uma análise que vá para além da simplicidade que as questões nunca têm e da superficialidade com que a demagogia as aborda para captar simpatias. Não se alcançará, de outro modo, o conhecimento da verdade.
Cada vez mais a realidade mostra que a ilusão nos conduz por caminhos perigosos, nos leva a situações de austeridade que são a razão de ser das queixas que a dor torna insensíveis às suas verdadeiras causas. É este entendimento que deveria pautar as intervenções dos que, presuntivamente melhor informados ou sabedores, respondem ou comentam o que os movidos pela dor, pelo despeito ou pela raiva possam dizer quando, para isso, lhes é proporcionada ocasião, como acontece nos numerosos “programas abertos” que as televisões agora nos oferecem.
Em consequência do acordo de concertação social conseguido com a habitual ausência da CGTP, central sindical que não se compromete com o que não respeite integralmente a sua “exclusiva verdade”, competiria a esta apressar-se a justificar as suas razões, o que me pareceu ser o propósito num programa do tipo antena aberta na SIC notícias em que o “especialista convidado” foi mais a caixa de ressonância das intempestivas queixas dos intervenientes do que o esclarecido moderador numa questão muito importante como o não pode deixar de ser o que diga respeito às leis do trabalho.
Falou-se das perdas de regalias conseguidas numa luta de sucessivas greves, falou-se, enfim, de um acordo conseguido à custa dos trabalhadores que terão de trabalhar mais por menos. Mas nem por uma vez ouvi alguém referir-se à austeridade que demasiado esbanjamento nos impõe por absoluta falta de meios financeiros que podem deixar-nos sem salários, sem subsídios, sem pensões, como se tudo isto fosse de somenos importância porque o dinheiro sempre acaba por cair do céu.
É uma situação grave a que vivemos e que, por isso, exige esclarecimento em vez da desestabilização para que alguns, em nome de preconceitos ou de mais valias pessoais, contribuem, apesar de saberem que nada nos poderá evitar as penas que, por culpa própria, por algum tempo teremos de sofrer.
Não nos resta muita margem de manobra para corrigir os efeitos dos erros que cometemos, para respeitar os compromissos que assumimos, para cumprir os acordos que assinámos em troca de auxílio financeiro que recebemos e, sobretudo, não temos muito tempo para mudar de rumo, alterar o nosso modo de viver para tornar a vida menos penosa em vez de mais e mais longamente a complicarmos.

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