Dizia-se em Roma que à mulher de César não bastava ser séria porque também deveria parece-lo. Compreende-se que seja assim porque nada pior do que ditos malévolos ou inoportunos para desacreditar seja quem for.
Transpondo para o momento que vivemos, no qual, por falta de meios financeiros, dependemos de favores que nos impõem deveres, eu diria que para aliviar a “pressão dos mercados” que a isso nos obriga, não basta estarmos a cumprir o que esses deveres nos impõem, porque também é necessário que não haja a sensação de que não estamos ou de que disso não somos capazes.
Decerto, aos “mercados” pouco interessará que a CGTP participe ou não na concertação social. Todos sabem o que “a casa gasta”. Porém, não creio que lhes seja indiferente o que a nossa comunicação social possa dizer. É por isso que títulos espalhafatosos como os de que há risco de “incumprimento” ou de que existe um sério desentendimento entre o Governo e o Presidente da República, como outras coisas parecidas, nada mais fazem do que desacreditar e, por isso, contribuir para uma maior pressão que nada ajudará os propósitos que justificam a austeridade a que as circunstâncias obrigam.
É lamentável que numa profissão em que se distinguiram e distinguem pessoas de grandes méritos e merecem a nossa maior consideração pela informação que nos dão e por outros relevantes serviços prestados à comunidade, também haja quem, em condições tão dramáticas para todo um povo, se julgue dispensado de participar no esforço comum e lance achas para uma fogueira onde muita gente já se queima.
Simplesmente lamentável.
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