Quando Passos Coelho afirmou que íamos empobrecer, muitas críticas depreciativas lhe foram feitas.
Este Primeiro Ministro ainda não possui a matreirice de outros que o antecederam e nem sempre diz as coisas de modo a proteger-se das críticas maldosas que, inevitavelmente, se seguirão porque, em política, nunca ninguém procura o real sentido das coisas mas antes o modo de as explorar em seu proveito. Por isso, a interpretação apenas poderia ser que ele se propunha espoliar os trabalhadores para favorecer o capital, uma dicotomia inseparável porque não faz sentido que o não seja. É uma relação odienta, de confronto feroz como se qualquer deles pudesse viver sem o outro. Mas não pode! Por isso, mais vale que se entendam.
Creio que o que Passos Coelho quis dizer é que teremos de passar a viver com o nível de vida que as nossas potencialidades permitirem em vez daquele que nos fizeram crer que poderíamos ter. Não existem quaisquer dúvidas sobre as causas desta crise que apoquenta tudo e todos: o mundo gastou demais até os recursos naturais disponíveis deixarem de corresponder aos valores financeiros que criavam a ilusão de um crescimento económico que, por isso, não era real. Só pode ser este o significado das “bolhas” que, em vários sectores da economia, se foram criando e estoirando.
Este é, sem dúvida, o fim de uma economia que tem a pretensão de crescer indefinidamente mesmo com recursos finitos.
A ser assim, a afirmação de Passos Coelho nada mais é do que razoável, sendo um nível de vida mais em conformidade com aquilo de que dispomos aquele que nos espera.
Melhorá-lo apenas será possível com trabalho e critérios seguros de sustentabilidade em face do que a Terra nos permite utilizar.
Penso que este é o “drama da economia ocidental” que os especialistas dizem estar a perder no confronto com as “economias emergentes” mas que, pelos mesmos motivos que afetaram as primeiras, muito mais rapidamente vão entender o que é a escassez.
Por isso entendo que todo o futuro que é idealizado com base em crescimento económico que a Natureza não consente, não será mais do que uma ilusão.
Pelo muito que gastou, o mundo está condenado ao nível de vida que as circunstâncias consentem, o que, para os que se habituaram ao luxo do esbanjamento, será empobrecer! Para quem entenda que o equilíbrio é o que garante o ambiente indispensável à vida, acabar com o super consumismo será a reintegração do Homem na Natureza da qual, mostra-o a realidade, não é senhor.
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