ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

domingo, 22 de janeiro de 2012

VAMOS EMPOBRECER OU VIVER EM FUNÇÃO DAS NOSSAS POSSES?

Quando Passos Coelho afirmou que íamos empobrecer, muitas críticas depreciativas lhe foram feitas.
Este Primeiro Ministro ainda não possui a matreirice de outros que o antecederam e nem sempre diz as coisas de modo a proteger-se das críticas maldosas que, inevitavelmente, se seguirão porque, em política, nunca ninguém procura o real sentido das coisas mas antes o modo de as explorar em seu proveito. Por isso, a interpretação apenas poderia ser que ele se propunha espoliar os trabalhadores para favorecer o capital, uma dicotomia inseparável porque não faz sentido que o não seja. É uma relação odienta, de confronto feroz como se qualquer deles pudesse viver sem o outro. Mas não pode! Por isso, mais vale que se entendam.
Creio que o que Passos Coelho quis dizer é que teremos de passar a viver com o nível de vida que as nossas potencialidades permitirem em vez daquele que nos fizeram crer que poderíamos ter. Não existem quaisquer dúvidas sobre as causas desta crise que apoquenta tudo e todos: o mundo gastou demais até os recursos naturais disponíveis deixarem de corresponder aos valores financeiros que criavam a ilusão de um crescimento económico que, por isso, não era real. Só pode ser este o significado das “bolhas” que, em vários sectores da economia, se foram criando e estoirando.
Este é, sem dúvida, o fim de uma economia que tem a pretensão de crescer indefinidamente mesmo com recursos finitos.
A ser assim, a afirmação de Passos Coelho nada mais é do que razoável, sendo um nível de vida mais em conformidade com aquilo de que dispomos aquele que nos espera.
Melhorá-lo apenas será possível com trabalho e critérios seguros de sustentabilidade em face do que a Terra nos permite utilizar.
Penso que este é o “drama da economia ocidental” que os especialistas dizem estar a perder no confronto com as “economias emergentes” mas que, pelos mesmos motivos que afetaram as primeiras, muito mais rapidamente vão entender o que é a escassez.
Por isso entendo que todo o futuro que é idealizado com base em crescimento económico que a Natureza não consente, não será mais do que uma ilusão.
Pelo muito que gastou, o mundo está condenado ao nível de vida que as circunstâncias consentem, o que, para os que se habituaram ao luxo do esbanjamento, será empobrecer! Para quem entenda que o equilíbrio é o que garante o ambiente indispensável à vida, acabar com o super consumismo será a reintegração do Homem na Natureza da qual, mostra-o a realidade, não é senhor.

Sem comentários:

Enviar um comentário