ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 25 de junho de 2017

A DESCOBERTA DA PÓLVORA



É por isto que os políticos são diferentes, porque têm uma “lata” desmedida ou, talvez seja o caso, uma falta de memória confrangedora que os leva a pensar, de cada vez que falam, que estão a descobrir a pólvora.
Como sempre, seja a propósito do que for, é fácil criticar depois das coisas acontecerem, mesmo até arranjar para elas explicações irrefutáveis e, mais do que isso, explicar como teria sido tão fácil evitá-las!
Fico pasmado quando dou comigo a ler coisas como esta que faz parte da crítica de Jerónimo de Sousa a propósito desta tragédia que começou em Pedrógão Grande: “Jerónimo de Sousa diz que a catástrofe dos incêndios na última semana podia ter sido evitada se tivessem sido ouvidas as soluções propostas pelos comumistas. Em Vila Real de Santo António, o secretário-geral do PCP criticou as políticas seguidas nos últimos anos que levaram a fortes assimetrias regionais e à desertificação”. 
Vêem como tinha sido fácil? É apenas uma questão de saber escutar o blá-blá-blá político que por aí ressoa.
E assim prosseguiu num discurso político no qual, entre os habituais chavões e invocações exaltadas das classes trabalhadoras, foi dizendo os lugares comuns que empolga os seguidores fanéticos e os leva a bater palmas e, até, afirmou que foram os comunistas quem apontou soluções e caminhos que teriam evitado o que aconteceu.
Há quantos anos eu oiço falar das soluções a adoptar, vejo gastar dinheiro em soluções que não resultam e além de tudo isto vejo, também, como se intensifica a desertificação em quase dois terços do país do qual os políticos falam sem quase o conhecer!
Porque temos um primeiro-ministro “indiano”, vamos procurar na Índia o que desaproveitamos na nossa própria terra? É mais uma novidade. Foi o que percebi da visita do primeiro-ministro indiano a Portugal, depois do que será construída uma "ponte digital" com mais de 10.000 quilómetros.
Olhamos para fora em vez de olharmos para a nossa casa, o que temos nela e o aproveitarmos do modo como as características da nossa terra o permitem.
Temos o país que temos e é como ele é que teremos de aproveitar os seus recursos e nele viver. Mas com pêso, conta e medida, para o não continuarmos a encher, indiscriminadamente, de pinheiros e de eucaliptos que enriquecem uns e dão cabo da vida a outros!
Já não vou andar por aqui tempo bastante para afirmar muitas mais vezes que as queixas de agora eu já as oiço fazer há muitos anos, que as decisões de que agora se fala, as vi tomar por várias vezes e há muito tempo e que a bagunça que se vive agora neste território desordenado é a, cada ano que vejo passar, maior do que no ano anterior.
Posso recordar, por exemplo, uma conferência que fiz, há cerca de 40 anos, no Instituto Sá Carneiro, a propósito de gestão de recursos hídricos e de ordenamento do território, na qual fazia referência a necessidades urgentes do nosso país.
Entretanto, Presidente, Primeiro-Minsitro, Ministros e Secretários de Estado, vão fazendo as tristes figuras de irem dizendo os disparates que dizem nas afirmações que fazem e nas “garantias” que dão e que neste caso se tornaram ridículas porque não bate a bota com a perdigota no quer que seja que tenham dito.
Ainda não percebi por que se metem no meio de quem se esforça para minorar a tragédia, sem sujarem o fato, em vez de estarem nos seus locais de trabalho a fazer o que lhes compete que é tomarem decisões sérias e adequadas, em vez de andarem a mostrar-se e a dizer o que mais convém.



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