O que está a vir à luz do dia acerca do que
se passa no futebol português, parece dar forma a uma célebre afirmação atribuída
a Luis Filipe Vieira, o Presidente do Benfica, de o mais importante ser colocar
as pessoas certas nos lugares certos, bem como aos ataques concertados
dirigidos por cartilhas, parece-me o rastilho de uma verdadeira bomba atómica
prestes a explodir para não deixar pedra sobre pedra.
É que desta vez não se manterão dentro de
portas os escândalos que já, um pouco por todas a parte deste mundo, nos
envergonham.
São mails reveladores de ligações proibidas,
de acções criminosas, de intimidades chocantes, de tráfico de influências e
até, talvez de corrupção, são ataques pessoais e avisos prévios de propósitos
de outros ainda mais violentos, são acusações de atitudes que tiram dignidade
ao desporto profissional, suspeitas de influências de arbitragens nos
resultados de jogos de futebol, enfim, coisas bastantes para uma guerra sem
quartel a que o Governo parece assistir como se fosse cego e surdo e, por isso,
ou por outras razões que desconheço, lhe não põe fim, consentindo uma auto-gestão
perigosa e, quantas vezes, desrespeitadora dos princípios constitucionais a que
deveria obedecer.
Começam a aflorar os desmandos que ao longo
de muitos anos condicionaram o futebol português, ficando a nu atitudes e
procedimentos de verdadeiras máfias e de mafiosos que, mau grado o seu passado
criminoso e os comportamentos que os fazem arguidos em julgamentos de crimes
contra toda a sociedade, continuam a merecer a deferência de tanta gente, até de
quem não deveria permitir que fosse assim.
É isto o que parece ser e pode ser isto o que,
realmente, é.
Por isso, para que apenas não pareça que o é
mas, sobretudo, para que seja o que deve ser, para que a alma sã volte a ser a
alma do desporto que o futebol deve continuar a ser, mesmo que aproveitado para
chorudos negócios, os responsáveis pelos poderes deste país, tanto os que
delegam competências que são suas e tantas vezes são adulteradas, como aqueles
a quem compete investigar e julgar acções e comportamentos que pareçam ser
impróprios, devem fazer o que for necessário para limpar a porcaria que parece
inundar esta coisa suja em que parece ter-se tornado o futebol, punindo,
severamente e com a independência própria da Justiça, os que por isso sejam
responsáveis.
Não vejo outro modo de o futebol poder
continuar a existir neste país nem de acabar com a desconfiança que se instalou,
com as calúnias e com as atitudes que o desvirtuam, com os crimes que, por sua
conta, se cometem, com o descontrolo em que tudo se encontra.
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