ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

A CIÊNCIA E OS INTERESSES MUNDANOS



É verdade que existem “cientistas” que contradizem a Ciência. Não investigam rigorosamente nada, não descobrem nada que acrescente conhecimento ao que já possuímos. Limitam-se a contradizer o que os verdadeiros cientistas afirmam como conclusão das investigações que fizeram, negando, sem lhe contrapor outras verdades, aquelas a que os estudiosos chegaram.
Pela vida profissional que tive, na qual a investigação teve um papel dominante, conheço bem as fragilidades de conclusões a que se chega, mesmo depois de um trabalho aturado, no qual empenhámos todo o nosso esforço e saber. É bem provável que novos estudos, mais completos, as revelem imperfeitas e as ajustem melhor à realidade que, assim por etapas, vamos descobrindo.
Não se faz ciência simplesmente negando o que procedimentos científicos concluíram através de observações e comparações sistemáticas. A Ciência não contradiz os conhecimentos a que anteriormente chegou, ajusta-os, melhora-os, sempre, porém, com argumentos científicos e não demagógicos como são os da CONTRA-CIÊNCIA que defende os interesses dos ricos que ainda não entenderam que precisam, para sobreviver, da enorme maioria dos que, hora a hora, vão ficando mais pobres.
Quando o Clube de Roma, através do Relatório “Os limites do Crescimento”, produzido por uma equipa de cientistas reconhecidos chefiada pelo Professor Meadows e publicado em 1972, os quais estudaram a “capacidade de suporte da Planeta em que vivemos”, mostrou a impossibilidade do crescimento económico contínuo para satisfazer as necessidades do aumento da  população e, sobretudo, da sobreprodução que satisfaz “necessidades supérfluas” sem as quais a economia não progride, logo um outro relatório, da autoria de quem se dizia cientista também, tentou contradizê-lo.
Um outro “Clube” que não o de Roma, certamente, o financiou para defender os interesses que as recomendações de limitação do crescimento prejudicavam.
A pouca atenção prestada à realidade que “os limites do crescimento” cruamente mostrava, faz com que os estudos sérios que são feitos sobre as consequências da exploração excessiva dos recursos do nosso Planeta, não apenas os confirmem, como, por motivos que na década de setenta do século passado não eram, ainda, relevantes, prevejam piores e mais céleres consequências.
As alterações climáticas são, hoje em dia, uma das realidades mais preocupantes para o futuro da Humanidade, prevendo-se catástrofes terríveis que já será difícil evitar e que a partir de meados deste século XXI assumirão, porventura, a dimensão de um colapso.
Continua intensa a campanha de contradição encomendada pelos interesses a quem estas verdades não interessam, assim como continuam surdos os políticos que, em vez de cuidarem do nosso futuro, antes os servem ou não conseguem enfrentá-los.
Os "interesses" chegaram, mesmo, ao ponto de dominar o poder que nos fazem crer que democraticamente elegemos, enganando-nos com argumentos a que os vícios que fomos adquirindo e desenvolvendo não conseguem resistir.
Foi assim que Trump ganhou as eleições nos Estados Unidos, o país mais poluidor do mundo, aquele que, com a sua actividade económica mais contribui para uma realidade que nos pode destruir como espécie, negando a realidade a que chamou a mentira com que a China prejudica a productividade norte-americana!
E há “cientistas” que corroboram as suas loucas afirmações.
São múltiplos os casos em que, ao longo da História, a Ciência teve de confrontar-se com grandes interesses e poderes que a realidade que ia demonstrando contrariava.
O tempo deu-lhe, sempre, razão e a Ciência venceu!
O que sucederá desta vez?


Sem comentários:

Enviar um comentário