Passou há muito o ridículo referendo sobre a
Regionalização, uma verdadeira comédia que, para além dos disparates que foram
ditos e das perguntas tolas que foram feitas para o eleitor decidir, para as
quais nunca encontrei maneira de, em consciência, responder, incluía uma
proposta territorial que o autor fez questão de informar que o obrigou a uma
noite em claro para a poder apresentar!!!
Logo por aqui se vê que se não sabe o que
seja regionalizar porque a regionalização não é, de todo, uma divisão.
Para além destes pormenores, o referendo foi,
em si mesmo, uma aberração política porque referendou o que a Constituição
impunha!
No início, era o PSD o campeão da
Regionalização, na qual encontrava as mais variadas vantagens que hoje repudia. Foi, então, o PS quem tomou a iniciativa do referendo
Os resultados do referendo levaram a um
inequívoco "não à regionalização" e só não percebi se ele não terá sido proposto para que
acontecesse isso mesmo, acabando, de vez, com aquela chata imposição
constitucional que retirava poder e capacidade de iniciativa aos senhores do
poder central.
Assim, não sei se os proponentes foram
desastrados, incompetentes e revelaram nem saber muito bem o que queriam com a
proposta que faziam e com a solução que apresentaram para a qual não apresentaram
justificação ou se foram, simplesmente, manhosos.
Do outro lado foi Paulo Portas o mais
inspirado opositor que, mesmo sem fazer contas e demonstrando a mesma
ignorância (ou não) sobre o que seja regionalizar e as suas vantagens, afirmou
que o custo elevado da regionalização, pelo elevado número de novos políticos
que apareceriam, daria para baixar significativamente os impostos. Outro
disparate para estúpido ouvir.
Fosse por que fosse, nem aquela
Regionalização se fez, felizmente, nem os impostos baixaram, como seria de
esperar.
Desde então passou tanto tempo que julguei
que a regionalização fosse já preceito para sempre esquecido. Mas nem tanto porque a Descentralização aparece como que para
a substituir, para o que serão feitas umas regras para a sua aplicação.
Porém, enquanto a regionalização visa a
criação de instituições regionais com capacidade de decisão autónoma, o que
aproxima o poder de decisão dos cidadãos e tem, por isso, uma dimensão
política, a descentralização não vai além da distribuição de competências em
projectos e matérias em cuja definição não participa, por isso sem qualquer
capacidade de autonomia.
Ainda que a descentralização não implique a
criação de entidades regionais, exige mais meios humanos e financeiros para
realizar localmente o que o poder central decidiu.
Não creio que os desequilíbrios regionais
profundos existentes em Portugal que, deste modo, rapidamente se desertifica em
quase dois terços do seu território, sejam corrigidos com uma simples
descentralização.
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